Justiça ouve primeiras testemunhas de acusação do confronto na Syngenta

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Começou, às 13h desta segunda-feira (26), no Fórum de Cascavel,a série de depoimentos de 41 das 47 testemunhas de acusação do confronto armado entre sem-terra e seguranças contratados pela multinacional Syngenta Seeds, que ocorreu há um ano e três meses na fazenda experimental da empresa, em Santa Tereza do Oeste, região de Cascavel. No tiroteio, foram mortos o líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, e o segurança Fábio Ferreira de Souza.

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Das 20 testemunhas esperadas para os depoimentos desta segunda-feira, somente dez compareceram ao fórum. Tanto sem-terra quanto seguranças estão entre os acusados. Seis policiais estiveram fazendo a segurança do local. A sessão, presidida pelo juiz Juliano Nanúncio, foi aberta ao público e nela estiveram assistindo aos relatos 18 dos 19 acusados, entre eles um dos líderes da Via Campesina, Celso Ribeiro, e o dono da empresa de segurança envolvida, a NF, Nerci de Freitas. Mesmo assim, a sessão correu com tranquilidade. "Houve respeito entre todas as partes", afirmou o juiz.

Mais 21 testemunhas deverão ser ouvidas terça-feira (27). Outras seis pessoas têm depoimentos marcados para outras comarcas e terão seus depoimentos anexados posteriormente aos processos. "Depois de todos os depoimentos de acusação, pretendo decidir com o promotor e com os advogados, se intimaremos novamente algumas testemunhas que faltaram nesta sessão. Elas deverão depor junto com as testemunhas de defesa", disse Nanúncio.

O juiz Juliano Nanúncio afirmou que são mais de 50 testemunhas de defesa no caso e que ainda não tem data marcada para o depoimento delas. "Espero acabar neste ano a fase de instrução deste processo, para em 2010 decidir se os indiciados irão ou não a júri popular", afirmou.

Confronto

O confronto que resultou nas duas mortes aconteceu no dia 21 de outubro de 2007, após uma invasão por cerca de 200 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) na fazenda da Syngenta. A área, onde a empresa realizava experiências com material geneticamente modificado, havia sido desocupada em julho daquele ano pelos mesmos sem-terra, depois de diversas liminares que determinavam a reintegração de posse.

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Na tentativa de impedir a nova invasão, seguranças da empresa NF entraram em confronto com camponeses. Os seguranças presos na época confirmaram a participação no conflito. Eles afirmaram para a polícia terem sido contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área.

Quatro seguranças e o dono da empresa NF, que havia sido contratada pela Syngenta, foram presos por conta do confronto. Dois sem-terra também tiveram prisão preventiva decretada, mas não chegaram a ser presos, pois estavam fora do país. Todas as prisões foram revogadas.