Os cinco ativistas que continuam presos no Rio desde sábado (12) serão soltos. A ordem foi dada na tarde desta sexta-feira (18) pelo desembargador Siro Darlan. "As prisões não foram devidamente fundamentadas", disse Darlan. Na terça-feira (15), o desembargador já havia determinado a soltura dos outros 12 manifestantes detidos na operação Firewall, realizada pela Polícia Civil do Rio, com base na suspeita de crime de formação de quadrilha.

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As prisões foram repudiadas por entidades como OAB-RJ, Anistia Internacional e Justiça Global. Entre os cinco que continuavam no presídio de Bangu até o início da noite desta sexta estão a ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, e a professora Camila Jourdan, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Ao todo, foram expedidos 26 mandados de prisão temporária pela 27.ª Vara Criminal - nove suspeitos não foram localizados pela polícia. Na decisão que determinou as prisões, o juiz Flávio de Oliveira Nicolau baseou-se em tipificação criada para combater o crime organizado: "Verifica-se, também, que há sérios indícios de que está sendo planejada a realização de atos de extrema violência para os próximos dias, a fim de aproveitar a visibilidade decorrente da cobertura da Copa do Mundo de futebol sendo necessária a atuação policial para impedir a consumação desse objetivo e também para identificar os demais integrantes da associação", escreveu o juiz na sexta (11).

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A decisão foi criticada pela Associação Juízes para a Democracia. De acordo com a entidade, a "custódia com base em eventos futuros e incertos denota cerceamento da liberdade antecedente a prática de qualquer ilícito, viola os princípios constitucionais de liberdade de expressão e reunião e coloca o poder Judiciário em situação de subalternidade e auxílio à arbitrariedade policial, quando seu papel é o de garantidor de direitos".

A manifestação de domingo (13)reuniu cerca de 400 pessoas e foi reprimida pela Polícia Militar. Pelo menos 14 jornalistas que tentavam registrar as agressões a ativistas foram atacados por PMs. O inquérito policial está sob segredo de Justiça e seria remetido nesta sexta (18) ao Ministério Público.

As acusações contra os suspeitos não foram detalhadas pela Polícia Civil. Na manhã desta sexta, a Justiça Global enviou ofícios ao governo federal solicitando providências em relação às prisões de manifestantes ocorridas no dia 12 no Rio. Para a entidade, o inquérito "visa tão só a desmobilização, deslegitimação, intimidação e criminalização de defensores de direitos humanos, representando grave violação por parte do Estado do Rio, principalmente ao tratá-los enquanto associação criminosa".

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