O juiz Elias Charbil Abdou Obeid, de Contagem (MG), determinou a internação, por 45 dias, do menor que já prestou depoimento sobre o desaparecimento de Eliza Samudio. Nesse período, pode ser marcada a audiência de instrução e julgamento, que deve determinar a punição do adolescente, se comprovada a participação dele no caso. Se constatado o envolvimento, ele pode ter liberdade assistida, ser internado ou ser obrigado a prestar serviços à comunidade.
O menor deve permanecer no Centro de Internação Provisória do Bairro Horto, região leste de Belo Horizonte.
Ele chegou a Minas Gerais nesta terça-feira (13) e já foi ouvido pelo promotor Leonardo Barreto Moreira Alves e por uma assistente social, no Fórum de Contagem. Ele também conversou, informalmente, com a delegada Ana Maria Santos, que acompanha as investigações sobre o sumiço de Eliza. Oficialmente, Ana Maria esteve no fórum para protocolar um pedido da Polícia Civil para ouvir o depoimento do adolescente nos próximos dias.
Semana passada
O menor já falou com a polícia, no Rio de Janeiro, na terça-feira passada, dia 6. Ele foi localizado na casa do goleiro Bruno de Souza, que jogava no Flamengo, na capital fluminense. No depoimento, o adolescente afirmou que Eliza Samudio foi agredida e está morta. O menor disse que ele e Luiz Henrique Romão, amigo de Bruno conhecido como Macarrão, levaram a jovem do Rio de Janeiro para o sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG). Depois, ela foi assassinada. Ele deu detalhes do crime, dizendo que um homem identificado como Neném estrangulou a jovem e jogou a mão dela para os cães.
O adolescente também falou com a Promotoria da Infância e da Juventude do Rio.
Na primeira vez que foi ouvido, o jovem contou que o goleiro Bruno chegou ao sítio, em Minas Gerais, de táxi, um dia depois de Eliza Samudio. Ele teria ficado duas horas na propriedade e chamado um outro táxi, porque queria voltar para o Rio de Janeiro no mesmo dia. No segundo depoimento, o adolescente disse que ele, Macarrão, Eliza e o bebê seguiram para o sítio de Bruno em uma segunda-feira. O goleiro teria chegado ao local no mesmo dia, à tarde, e ficado lá por mais dois dias. Há ainda outras divergências nos dois relatos.
Viagens
O menor já havia viajado para Minas Gerais, na semana passada. Ele orientou os policiais no caminho de uma casa, onde Eliza teria sido morta, em Vespasiano (MG). O adolescente chegou a entrar no imóvel. Segundo os policiais, ele descreveu detalhes dos cômodos e chorou.
Na última segunda-feira (12), a Justiça do Rio de Janeiro autorizou a transferência do menor. "O juiz concluiu, junto com o Ministério Público que, nesse momento, depois de ele prestar o depoimento que deu e desenrolaram as investigações, que ele fique perto da Justiça mineira para poder haver, inclusive, uma eventual acareação", disse o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Luiz Zveiter.
Desaparecimento
Eliza Samudio está desaparecida desde o início de junho. Nascida em Foz do Iguaçu (PR), ela se mudou para São Paulo e posteriormente para o Rio. Em 2009, teve um relacionamento com o goleiro Bruno. Ela engravidou e afirmava que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010. Desde então, Eliza buscava na Justiça o reconhecimento de paternidade.
A polícia mineira começou a investigar o sumiço de Eliza em 24 de junho, depois de receber denúncias de que uma mulher foi agredida e morta perto do sítio de Bruno.
Oito pessoas estão presas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por suspeita de envolvimento no desaparecimento de Eliza, incluindo Bruno e o amigo Macarrão. Todos negam o crime.
No Rio, o goleiro e Macarrão são investigados por suspeita de participação no sequestro da jovem.