Policiais federais fiscalizam locais de contrabando no Lago de Itaipu| Foto: César Machado/Vale Press

A Polícia Federal em Guaíra tem relatórios que mostram exatamente como funciona o esquema de contrabando de cigarros feito pelos pequenos atravessadores na fronteira com Salto Del Guayrá. Através do monitoramento do lago, os policiais traçaram uma espécie de mapa da atuação desse segmento do crime organizado.

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O movimento maior é à noite. Do lado brasileiro, os atravessadores aguardam a chegada dos barcos que vêm do Paraguai. Não existem portos estruturados na margem do Rio Paraná. Os contrabandistas atracam em qualquer entrada. A região do aeroporto é a mais concorrida, pela facilidade da encosta.

Os barcos descarregam a mercadoria que é logo recolhida pelos atravessadores, em carroças ou carros velhos. O destino são barracões ou mesmo residências alugadas para servir como depósito para o contrabando. Depois o material é transportado por carros ou caminhões para ser distribuído em cidades da região e outros estados.

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Nas rodovias, o crime organizado conta com o apoio de uma rede de informantes. São frentistas de postos de combustíveis ou mesmo motoristas de caminhões que avisam por telefone ou rádio se a estrada está "limpa" ou não. "Eles possuem muita gente aliciada, é uma rede que funciona de forma muito organizada", reconhece o delegado da PF em Guaíra.

Lago

Na quarta-feira a equipe de reportagem da Gazeta do Povo acompanhou uma operação da Polícia Federal no Lago de Itaipu. Quatro policiais saíram com a lancha para percorrer alguns locais suspeitos de serem pontos de contrabando.

Logo que a lancha se posicionou no "canal", considerada a parte mais segura para a navegação do Rio Paraná, os policiais perceberam a manobra de um outro barco. Ele estava vindo do Paraguai em direção ao Brasil, mas fez a volta e começou a retornar em alta velocidade, deixando para traz um rastro de água.

Com uma lancha mais potente – doada pela Itaipu Binacional – os policiais iniciaram a perseguição. Mas o barco estava distante, com tempo de vantagem suficiente para escapar. "Agora não dá mais, eles cruzaram a fronteira", avisou um dos agentes, observando a embarcação rumar em direção a Salto Del Guayrá.

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"É assim", explica o delegado Saconato. "Tem dia que tromba barco no lago. Mas é só a gente sair com a lancha, que já queima o maior foguetório no Paraguai." O delegado acredita que a situação pode melhorar com a inauguração da Delegacia de Polícia Marítima (Depom), prevista para o início do ano. "Aí teremos uma estrutura melhor para combater o crime."