Mudanças nos depoimentos
Perante a juíza do fórim de Colombo, a ex-mulher do vereador Oliveira, Adinir de França, de 33 anos, procurou isentar o parlamentar das acusações de espancar e acorrentar o enteado de 9 anos.
Adinir contou em juízo que o menino foi agredido por outras crianças na rua e que ela própria colocou a corrente no tornozelo do filho para que o menino não fugisse.
O depoimento de Adinir não é o mesmo prestado no dia da agressão na delegacia. Adinir disse ao delegado que o filho contou a ela que foi Oliveira quem bateu nele. Ela diz ainda que o vereador foi quem pegou uma corrente do portão e colocou na criança.
Apelido
O apelido de Oliveira da Ambulância, como é conhecido o vereador, veio antes mesmo do cargo político. Joaquim Gonçalves de Oliveira tinha uma ambulância e cobrava para fazer o transporte de pacientes para hospitais, por isso o apelido.
Oliveira foi eleito na última campanha com 4.302 votos, ironicamente pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Atualmente está filiado ao Partido da Mobilização Nacional (PMN).
Dois legistas do Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba que examinaram o enteado de 9 anos do vereador de Colombo, Joaquim Gonçalves de Oliveira (PMN), o Oliveira da Ambulância, reafirmaram que a criança foi mesmo agredida pelo vereador. Os dois médicos foram ouvidos pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores de Colombo, que investiga se houve ou não quebra do decoro parlamentar -que em caso afirmativo poderia resultar na cassação do mandato. A audiência ocorreu na manhã desta segunda-feira (26) quando também foi ouvida, por três horas, a versão do vereador sobre os fatos.
Oliveira está sendo acusado de espancar e acorrentar o enteado de 9 anos no dia 26 de janeiro. Ele ficou preso por pouco mais de um mês, mas um habeas-corpus concedido pela justiça permite que ele responda o processo em liberdade. O vereador se defende dizendo que o menino foi agredido na rua por outras crianças. Admite que deu umas "cintadinhas" mas que não espancou e nem acorrentou a criança.
Os dois médicos, no entanto, disseram que durante o exame no IML, o menino teria dito a eles que foi agredido pelo vereador. Outro fato que reforça a denúncia, apresentado pelos legistas, é que os machucados que o menino apresentava foram provocados por um adulto e não por crianças, como sustenta o vereador. O fato do menino apresentar equimose (mancha roxa) no braço esquerdo e no lado esquerdo do pescoço e das costas afastaria a hipótese de briga de rua - já que somente um dos lados estaria machucado.
O advogado, Cláudio Dalledone Júnior, que defende o vereador, disse que durante a audiência, os legistas disseram ser "impossível atestar se o menino apanhou de um homem, de uma mulher ou de várias crianças" - apesar do laudo do IML.
Em relação ao que foi dito pela criança aos legistas, Dalledone diz que todo o histórico teria sido relatado não pelo menino, mas pela conselheira tutelar de Piraquara, que prestou o primeiro atendimento à criança. Para a defesa, a conselheira ainda teria ditado o depoimento da mãe da criança, Adinir de França, de 33 anos, que é analfabeta. Tudo, ainda segundo o defensor, faz parte de uma trama política contra Oliveira.
Maria Eliete Darienso é a conselheira em questão citada pelo advogado. Ela é presidente do Conselho Tutelar de Piraquara e rechaça as acusações. Ela diz que foi a própria Adinir quem procurou o Conselho Tutelar para denunciar o crime e que não interferiu no depoimento dela e que nem estava com ela no momento da oitiva. "Acompanhei só o menino porque represento o Conselho Tutelar", disse por telefone. "O escrivão da delegacia pode confirmar isso", rebate.
A conselheira também era esperada na audiência desta segunda-feira, fato que provocou estranheza no advogado. Segundo Maria Eliete, ela foi orientada pela advogada a não comparecer. "Tudo que sei falei na delegacia e em juízo. O que precisa ficar claro é que não tenho interesse nenhum na cassação do vereador. Minha responsabilidade, no conselho tutelar, é com o menino", conta. "Não tenho envolvimento político algum", completa. (veja ao lado o que foi dito pela conselheira em juízo).
A partir de agora, os vereadores que integram o Conselho de Ética têm até 15 dias para emitir um parecer sobre o caso. Entretanto, o vereador Hélio Feitosa (PPS), que preside a comissão, acredita que até a semana que vem o parecer seja encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Em seguida, o parecer vai para votação. Caso o entendimento da Comissão seja para cassação, seria necessário nove dos treze votos favoráveis para que Oliveira perca o mandato.
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