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A ex-mulher do vereador de Colombo, Joaquim Gonçalves de Oliveira, conhecido como Oliveira da Ambulância, procurou isentar o parlamentar das acusações de espancar e acorrentar o enteado de 9 anos. Na manhã desta quinta-feira, a mãe da criança, Adinir de França, de 33 anos, em depoimento à juíza Mila Aparecida Alves da Luz, do fórum de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, mudou a versão incialmente apresentada na polícia. O vereador ficou preso de 26 de janeiro a 1º de março, sob a acusação de maus-tratos à criança.
Adinir contou em juízo que o menino foi agredido por outras crianças na rua e que ela própria colocou a corrente no tornozelo do filho para que o menino não fugisse. Sobre as agressões, ela conta que, três dias antes, o filho roubou dela R$ 50 e que teria sido espancado por crianças na rua que queriam roubar o dinheiro.
No entanto, no dia em que a criança foi espancada, Adinir contou ao delegado Hamilton Cordeiro da Paz Júnior, da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, que Oliveira teria chegado com o menino de carro e que a criança apresentava sinais de ter sido agredida com violência. No depoimento, que a reportagem teve acesso, Adinir diz que Oliveira pegou uma corrente do portão e colocou na criança com um cadeado e foi embora sem dar explicações.
Assim que o vereador saiu de casa, relata Adinir, o filho contou a ela que tinha sido espancado por Oliveira. Imediatamente, a mãe procurou o Conselho Tutelar de Piraquara, cidade onde mora. No depoimento prestado esta manhã, ela relata que foi a criança quem ligou para o Conselho e não ela. Em juízo, Adinir disse que tem pressão alta e, por isso, não lembra o que disse na delegacia.
Conselho Tutelar
A presidente do Conselho Tutelar de Piraquara, Maria Eliete Darienso, que prestou o primeiro atendimento ao menino, rechaçou as declarações de Adinir. Por telefone, Maria Eliete contou que foi a própria Adinir que ligou para o Conselho e disse a ela e para outras conselheiras, que teria sido o vereador quem havia espancado e acorrentado o menino.
Maria Eliete também prestou depoimento à juiza do fórum da cidade nesta quinta-feira. Ela reafirmou o que disse ao delegado em Colombo e detalhou como foi o atendimento ao menino. "Quando cheguei na casa da Adinir, vi o menino deitado na cama com o nariz sangrando e a corrente no pé. Imediatamente fomos à delegacia para prestar queixa e a criança foi encaminhada para exames no Instituto Médico Legal (IML)", relembra. "Eu só vim a saber que seria o vereador quem teria agredido o menino no dia seguinte pela imprensa", conta. Maria Eliete conta ainda que Adinir teria lhe dito que estava sendo pressionada para retirar a queixa na polícia. "Ela tem medo que os filhos não tenham o que comer", diz. Os exames no IML, que a reportagem teve acesso, concluíram que o menino apresentava o lado esquerdo do rosto e do pescoço roxo, a testa roxa, todo o braço esquerdo roxo, o lado esquerdo das costas também roxas e dois cortes no tórax do lado direito. Além disso, uma corrente de aço inox e um cadeado envolviam o tornozelo esquerdo do menino.
Além da mãe da criança e da conselheira tutelar, o menino também prestou depoimento à juíza nesta quinta-feira. O vereador Oliveira da Ambulância já havia sido ouvido anteriormente, e assim como a ex-mulher, mudou a versão apresentada na polícia. No dia da agressão, o vereador confirmou o ato violento ao delegado, alegando que apenas quando chegou em Piraquara deu umas cintadas no bumbum do enteado e nas costas. Sobre as várias lesões na cabeça e no rosto do menino, Oliveira disse que o menino caiu quando corria dele. O vereador contou ainda que realmente colocou o cadeado e a corrente no menino e que a ex-mulher teria concordado.
O advogado Cláudio Dalledone Júnior, que defende o vereador no processo criminal, disse que o cliente não mudou de versão e que Oliveira nega de forma veemente a declaração prestada na fase policial. "Ele assinou aquilo que lhe apresentaram. Ele estava sob forte emoção e chegou a passar mal na delegacia", conta. Para Dalledone, as acusações fazem parte de uma trama política eleitoral. "Oliveira foi o vereador mais votado de Colombo. O Tribunal de Justiça o libertou", diz, citando o habeas-corpus concedido pelo TJ. Sobre a mudança da versão de Adinir, mesmo não advogando em favor dela, ele diz que a mãe da criança é analfabeta e mesmo assim lhe foi dado um depoimento para assinar.
Além do processo criminal que responde por tortura, o vereador está sendo investigado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Colombo. Na próxima segunda-feira, Oliveira da Ambulância vai apresentar sua defesa à comissão. Os vereadores investigam se Oliveira quebrou ou não o decoro parlamentar. Oliveira da Ambulância corre o risco de ser preso pelo crime de tortura e de perder o mandato de vereador.
Na Justiça, ainda serão chamadas as testemunhas de defesa antes das considerações finais do advogado e do promotor, para então sair a sentença.