Após dois meses com o tráfego liberado em apenas meia-pista, a Estrada da Graciosa (PR-410) foi, enfim, reaberta em duas pistas nesse sábado (06). As reformas do trecho danificado por um deslizamento ocorrido em março ainda não foram totalmente concluídas: falta recolocar os paralelepípedos, para manter o aspecto original da estrada, e finalizar o guarda-corpo.
A notícia da reabertura animou muita gente que, a despeito da chuva e do céu nublado desse domingo, decidiu matar as saudades do tradicional passeio. No início da tarde, muitos carros subiam e desciam a estrada e havia movimentação em todos os quiosques e pequenos comércios localizados às margens: famílias faziam churrascos, casais fotografavam-se com a natureza de fundo, amigos paravam para comprar os produtos típicos da região.
Renato Brito, de Almirante Tamandaré, fazia um piquenique com a família em um desses quiosques, na altura do Rio Cascata. Foi a primeira vez do grupo na Graciosa e, mesmo com a neblina densa, garantiram que valeu a pena sair de casa. "Nós planejamos o passeio no sábado, que tinha sol. Mas hoje resolvemos vir igual. É muito bonita mesmo com esse tempo. Vamos descer conhecer Morretes e Antonina, para fazer o passeio completo", contou.
A reabertura do trajeto histórico deu novo ânimo aos mais de 60 pequenos comerciantes que vivem em localidades como Mãe Catira, São João da Graciosa e Bela Vista. Com a Graciosa interditada, eles viram o movimento minguar e foram obrigados a fechar as portas. Agora, correm atrás do prejuízo.
Paulo de Tarso Mendes - proprietário de um banca na qual vende pastel, caldo de cana, tapioca, bala de banana e outros produtos típicos - comemorava. Trabalhando no local desde 1986, contou que nunca havia testemunhado queda tão brusca no movimento quanto a provocada pela interdição. "Tivemos muito prejuízo porque investimos para a Copa e no fim fechamos as portas. O movimento está voltando aos poucos, mas o pastel e o caldo de cana já bombam", disse.
À frente de duas grandes panelas de espigas de milho na água fervente, Jefferson Dias também era só sorrisos com o movimento na sua loja, em São João da Graciosa. Quatro meses atrás, o humor era outro: em meio a um cenário desolador, se viu obrigado a vender o carro para manter a casa. Jefferson acredita no espírito de solidariedade dos turistas. "Vejo que muitas pessoas compram no intuito de ajudar a gente a se recuperar. Mais uns meses e conseguimos recuperar o movimento", aposta. Não foram apenas os comerciantes da Graciosa os beneficiados com a reabertura da estrada. Morretes também sentiu o movimento crescer. Por volta das 15 horas, os restaurantes ainda serviam o famoso barreado, as lojas de artesanato comemoravam o entra-e-sai de clientes e a praça do centro histórico da cidade estava lotada.
Para os amigos Simone e Wilson Mugnani e Rogério e Sandra Boese, a Graciosa é parte de um passeio maior, que passa por Antonina e Morretes. "Nós nos hospedamos em Antonina, mas viemos para Morretes passear. Deveríamos vir mais vezes, porque é muito bonito", contou Rogério.
Deslizamento
Antiga rota de tropeiros no século XVIII e um dos caminhos mais famosos de ligação entre a região metropolitana de Curitiba e o litoral do Paraná, a rodovia estava bloqueada desde o dia 13 de março, quando cerca de 40 metros de pista na altura do quilômetro 10,8 cederam e caíram sobre o quilômetro 12. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o deslizamento foi provocado pelo excesso de chuvas que atingiu a região na época. Desde julho, o tráfego estava liberado em meia-pista.
A Estrada da Graciosa é tombada como Patrimônio Cultural e Histórico do Paraná e tem uma extensão de 28,5 quilômetros ladeada pela exuberância da Mata Atlântica. A paisagem sempre atrai centenas de turistas e visitantes, principalmente nos finais de semana e feriados estima-se que, em finais de semana de sol, passem pela estrada rumo até 10 mil pessoas.
Graciosa reaberta
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