Embora ainda não seja definitivo, as investigações encabeçadas pelo Ministério da Saúde indicam que existe uma relação entre a contaminação da gestante pelo vírus zika e o aumento no número de casos de microcefalia registrado em estados do Nordeste neste ano. Já são 399, a maior parte deles (268), em Pernambuco. O grau da má formação e se houve algum prejuízo a outros órgãos, no entanto, não foi informado.
Essas informações são importantes para saber qual a severidade da doença, as limitações que essas crianças poderão ter e os cuidados médicos e de outras especialidades que irão necessitar. “O grau de comprometimento depende da situação de cada um. É preciso verificar se há outros órgãos afetados, se há má formação em alguma área cerebral específica... O que acompanha essa microcefalia é que vai dizer o que deve ser tratado e como”, explica a pediatra Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza, do Departamento Científico de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Segundo a médica, há crianças que, mesmo com microcefalia, conseguem realizar atividades como mamar e andar. Outras, porém, não chegam a desenvolver essas e outras habilidades por apresentarem um comprometimento cerebral em maior grau. Todas elas, no entanto, vão necessitar de um atendimento interdisciplinar e estimulação motora global logo nos primeiros meses de vida.
Esses cuidados devem começar já no momento do nascimento. “Identificado que se trata de um feto com microcefalia, essa gestante já deve ser encaminhada para o acompanhamento de alto risco, pois a microcefalia costuma vir associada à má formação de outras áreas, como cardíaca, renal ou ocular”, diz Vilma.
Segundo ela, algumas doenças infecciosas – como a toxoplasmose, a rubéola e o citomegalovírus – estão associadas à microcefalia. O consumo de drogas pela mãe, a desnutrição grave na gestação e algumas síndromes genéticas também podem causar a doença. A microcefalia é identificada durante a gestação, por meio de exames de imagens, ou após o nascimento do bebê, em exames de rotina.
