O primeiro dia útil após o tornado que atingiu Xanxerê, na região sudoeste de Santa Catarina, foi dedicado à limpeza das casas e ruas da cidade e à assistência humanitária. Nesta quarta-feira (22), as aulas na rede municipal de ensino foram canceladas e a população se mobilizou para ajudar os moradores afetados pela tragédia.
Exército, Corpo de Bombeiros e o setor de assistência social da prefeitura se concentraram na distribuição de kits compostos de água, produtos de higiene pessoal e de limpeza, cesta básica, colchão, travesseiro, lençol e cobertor. O material é entregue de casa em casa por oito equipes, nos seis bairros devastados pelo tornado.
Equipes do município vão de casa em casa, onde preenchem formulários com as características do imóvel e os danos sofridos, além do número de feridos e o valor estimado do prejuízo. No final do dia, segundo a Defesa Civil, o prejuízo já chegava a R$ 29 milhões. Mas, com a chegada dos papeis à central da Defesa Civil, instalada no centro de Xanxerê, a estimativa de prejuízo chegou a R$ 45 milhões.
No total, 2.754 pessoas e 869 residências foram atingidas de alguma forma - 115 imóveis foram destruídos totalmente e 221 parcialmente; 251 casas foram totalmente destelhadas e 228, parcialmente. Nove prédios públicos também foram danificados pela força do vento.
“São esses dados que vão embasar a busca por recursos. Vamos tentar terminar até amanhã”, disse o coordenador regional da Defesa Civil, cabo Rogério Gollin.
A contabilização é a esperança de famílias como a da professora Franciele Campanharo. Da casa dela, sobraram somente as paredes e móveis molhados. No corpo, são visíveis os hematomas causados pela queda de um guarda-roupa sobre ela e a filha de três anos.
“Primeiro o vento começou a ficar muito forte, depois vieram os estouros. Só consegui jogar milha filha em cima da cama e ficar em cima dela. O guarda-roupa caiu em cima de mim e machuquei principalmente o ombro, o pé e os joelhos”, conta Franciele.
A primeira dificuldade da professora foi tirar o móvel de cima e, depois, processar o que aconteceu: “Na minha casa sobraram as paredes. O telhado voou inteiro, os móveis caíram e depois molharam com a chuva. Então precisamos de tudo: colchão, roupas, comida, água, tudo. Minha mãe perdeu a casa e minha tia também teve a casa atingida”.
Na tarde desta quarta, ela procurou a assistência social do município para fazer um cadastro e buscar colchões e roupas para passar a noite. Por enquanto, Franciele está abrigada com a filha, o marido e a mãe num galpão ao lado da casa de um tio.
Xanxerê foi atingida pelo tornado na tarde desta segunda (20). De acordo com a Defesa Civil estadual, duas pessoas morreram e mais de mil ficaram desabrigadas.
A força dos ventos destruiu casas, um ginásio de esportes e uma unidade de saúde. “30% da cidade foi destruída”, calcula o secretário de desenvolvimento regional do Estado, Ivan Marques.
O meteorologista Rogério Rezende, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), disse que não é possível saber a velocidade exata dos ventos, mas estimou entre 130 km/h e 160 km/h. De acordo com ele, esse tornado deve ser classificado como categoria F1, numa escala que vai de F0 a F5.
O governo federal afirmou que mobilizou cem homens do Exército para ajudar a limpar e retirar os escombros da cidade. Também será liberado o FGTS das pessoas atingidas pelo tornado. Os trâmites burocráticos da liberação começarão nessa quarta e as famílias poderão sacar os valores nos próximos dias.
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