• Carregando...
Rosali Nogueira, de 63 anos, e uma turminha do barulho: Maria Luiza, de 11 anos, Gabriel, de 3, Clara, 11 meses, e Maria Fernanda, de 5 anos | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
Rosali Nogueira, de 63 anos, e uma turminha do barulho: Maria Luiza, de 11 anos, Gabriel, de 3, Clara, 11 meses, e Maria Fernanda, de 5 anos| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

Gincana na higiene

A temporada na casa da vovó também exige cuidados redobrados com a higiene para evitar a contaminação, seja de gripe A ou de qualquer outra doença. As orientações são da médica infectologista Rosana Camargo, professora do curso de Medicina da PUCPR e diretora do Hospital Osvaldo Cruz:

Aglomeração – Evitar mais de cinco crianças na mesma casa. A dica vale para a casa dos avós – com netos e amiguinhos –, e mesmo em outros arranjos domésticos com empregadas ou cuidadoras.

Ar fresco – Ambientes arej ados, bem ventilados, garantem a renovação do ar. Brincar ao ar livre, no quintal ou no jardim, também é salutar.

Mãos limpas – Lavar as mãos sempre que voltar da rua – ou quintal –, antes de comer ou depois de tossir e espirrar. "É uma boa oportunidade de reforçar hábitos de higiene básicos. E tudo pode ser feito de uma maneira lúdica, envolvendo as crianças em atividades divertidas". A dica é criar uma gincana, com pontos ou prêmios para quem adotar os hábitos corretos.

Mão na boca – Usar lenço de papel ou papel higiênico para proteger a boca ao tossir e espirrar. E jogar o papel no lixo. O ideal é fazer da prática uma brincadeira, para desenvolver o hábito na criança.

É meu! – A frase mais pronunciada por crianças deve ser levada a sério. Cada um ter o seu próprio utensílio para comer: pratos, copos, talheres e canudinhos.

Não dividir – Compartilhar alimentos é fator de risco. Nada de oferecer a bolacha que uma criança comeu pela metade para outra mais esfomeada. Comida que sobra no prato também tem de ser jogada fora.

Esterilização – Chupetas, mamadeiras e outros objetos que vão à boca devem ser bem lavados, sempre, assim como os brinquedos.

Água – Oferecer muito líquido às crianças, além de os próprios avós também beberem mais água. Ajuda na higiene respiratória.

  • Isolamento rural na casa de Joana e Cornélio Mendes (ao fundo), com as filhas Ione e Sandra e o netinho Rafael, 2 anos. Marcelo (11 anos), Lívia (4) e Henrique (7) completam a trupe

Passear na casa da avó é pura diversão para a garotada. Para os pais, significa um lugar seguro on­de é possível deixar os filhos aos cuidados de quem os ame tanto quanto eles. É garantia do sossego necessário para trabalhar, viajar e até namorar. A gripe A – que forçou a prorrogação do recesso escolar –, deu novas cores à parceria en­tre pais e avós para as tarefas do dia a dia com as crianças. As visitas semanais ou permanências esporádicas para pai e mãe cumprirem compromissos pessoais ou de trabalho extrapolaram os fins de semana. Vovós e vovôs viram suas casas e suas rotinas transformadas pela "invasão" da criançada, agora também de segunda a sexta.

Primeiro, foi o susto. Professora da rede municipal de ensino, San­dra Gomes teve os sintomas de gripe suína e em menos de 12 horas já tinha mandado os filhos – Lívia, de 4 anos, e Rafael, de 2 –, para a casa dos avós maternos. "Meu marido me deixou no hospital e já os levou para lá. Só os vi depois de cinco dias, quando a gripe passou", conta. A suspensão das aulas deu o motivo que faltava para manter as crianças isoladas. A duplinha se juntou aos outros primos que também visitavam a avó Maria Joana da Silva Mendes, de 71 anos. Na semana passada, vovó Joana estava com a casa lotada: seis netos para brincar em 5 mil metros quadrados de um condomínio rural em Campo Largo, com cachorro, galinhas e campo de futebol. Nesta semana, Lívia e Rafael têm apenas Marcelo e Henrique, de 9 e 7 anos, para dividir a atenção dos avós.

A casa cheia não é uma novidade para Joana. Ela cuidava dos irmãos mais jovens, depois, deu conta dos cinco filhos, com a ajuda da mãe. Agora, são nove netos, e sempre tem um par deles perambulando pela casa. "Não tenho tempo de envelhecer, com tanta criança por perto. Adoro tê-los por aqui. Tenho muita paciência para cuidar, mas sou enérgica. Eles pulam miudinho comigo", diz.

Com espaço de sobra, Joana faz questão de jogar bola, peteca e brin­­­car de esconde-esconde com as crianças. As tarefas rotineiras têm a ajuda de uma empregada e da própria molecada. Os mais ve­­lhos já se alimentam e tomam ba­­nho sozinhos. Na hora de dormir, a história complica um pouco. "Ar­­ru­­mar cama para todos, colocar pijama, escovar os dentes. Criança com sono fica mais manhosa mesmo", desculpa. Mas as birras só co­­me­­çam quando os pais aparecem pa­­ra as visitas, a cada dois ou três dias. "É impressionante como eles se transformam quando os pais chegam. Quando estão sozinhos comigo é tudo muito tranquilo."

Revezamento

Na casa de Rosali Nogueira, de 63 anos, a visita dos netos agora é dia sim, dia não. Ela alterna com Marli Michels, de 68 anos, avó materna de Gabriel, de 4 anos, e Clara, de 11 meses, a tarefa de cuidar das crianças para os pais poderem trabalhar. A rotina mudou para todo mundo. Emerson Nogueira e a es­­po­­sa Silvana precisam acordar mais cedo para preparar as crianças. A opção pelo revezamento foi a alternativa do casal para não so­­brecarregar nenhuma vovó. Nos dias "sem criança", elas aproveitam para manter suas atividades habituais, ainda que com ritmo me­­nos intenso. Na casa de Rosali, os filhos de Emerson ganham companhia de duas primas: Maria Luiza, de 11 anos, e Maria Fer­­nan­­da, de 5. "Tudo vira brincadeira", diz a avó paterna.

Marli observa a peculiaridade da relação de avós e netos nos dias de hoje. "Minha mãe não tinha essa intimidade com minhas crianças. Tinham pouco contato e nunca os deixei com ela", lembra.

O mais feliz com a mudança é Gabriel. Ele acorda animado, bem di­­­­ferente do comportamento para ir à escola. O convívio o aproximou das avós, antes visitadas mais aos fins de se­­mana. "Os laços afetivos ficam mais es­­treitos com a aproximação. E netos e avós podem exercitar suas funções de pertencimento e origem", observa a psicóloga So­­lan­­ge Ros­­set, terapeuta familiar. Essa convivência abre um novo pa­­drão de comportamento, em que avós dividem as tarefas, mesmo que as re­­gras e a obrigatoriedade da educação ainda sejam dos pais. "A flexibilidade dos avós é um alívio na rotina das crianças. E isso é enriquecedor".

* * *

Interatividade

Os avós ficam sobrecarregados com a tarefa de cuidar das crianças?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]