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Família

Logística da gripe inclui os avós

Rosali Nogueira, de 63 anos, e uma turminha do barulho: Maria Luiza, de 11 anos, Gabriel, de 3, Clara, 11 meses, e Maria Fernanda, de 5 anos | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
Rosali Nogueira, de 63 anos, e uma turminha do barulho: Maria Luiza, de 11 anos, Gabriel, de 3, Clara, 11 meses, e Maria Fernanda, de 5 anos (Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo)
Isolamento rural na casa de Joana e Cornélio Mendes (ao fundo), com as filhas Ione e Sandra e o netinho Rafael, 2 anos. Marcelo (11 anos), Lívia (4) e Henrique (7) completam a trupe |

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Isolamento rural na casa de Joana e Cornélio Mendes (ao fundo), com as filhas Ione e Sandra e o netinho Rafael, 2 anos. Marcelo (11 anos), Lívia (4) e Henrique (7) completam a trupe

Passear na casa da avó é pura diversão para a garotada. Para os pais, significa um lugar seguro on­de é possível deixar os filhos aos cuidados de quem os ame tanto quanto eles. É garantia do sossego necessário para trabalhar, viajar e até namorar. A gripe A – que forçou a prorrogação do recesso escolar –, deu novas cores à parceria en­tre pais e avós para as tarefas do dia a dia com as crianças. As visitas semanais ou permanências esporádicas para pai e mãe cumprirem compromissos pessoais ou de trabalho extrapolaram os fins de semana. Vovós e vovôs viram suas casas e suas rotinas transformadas pela "invasão" da criançada, agora também de segunda a sexta.

Primeiro, foi o susto. Professora da rede municipal de ensino, San­dra Gomes teve os sintomas de gripe suína e em menos de 12 horas já tinha mandado os filhos – Lívia, de 4 anos, e Rafael, de 2 –, para a casa dos avós maternos. "Meu marido me deixou no hospital e já os levou para lá. Só os vi depois de cinco dias, quando a gripe passou", conta. A suspensão das aulas deu o motivo que faltava para manter as crianças isoladas. A duplinha se juntou aos outros primos que também visitavam a avó Maria Joana da Silva Mendes, de 71 anos. Na semana passada, vovó Joana estava com a casa lotada: seis netos para brincar em 5 mil metros quadrados de um condomínio rural em Campo Largo, com cachorro, galinhas e campo de futebol. Nesta semana, Lívia e Rafael têm apenas Marcelo e Henrique, de 9 e 7 anos, para dividir a atenção dos avós.

A casa cheia não é uma novidade para Joana. Ela cuidava dos irmãos mais jovens, depois, deu conta dos cinco filhos, com a ajuda da mãe. Agora, são nove netos, e sempre tem um par deles perambulando pela casa. "Não tenho tempo de envelhecer, com tanta criança por perto. Adoro tê-los por aqui. Tenho muita paciência para cuidar, mas sou enérgica. Eles pulam miudinho comigo", diz.

Com espaço de sobra, Joana faz questão de jogar bola, peteca e brin­­­car de esconde-esconde com as crianças. As tarefas rotineiras têm a ajuda de uma empregada e da própria molecada. Os mais ve­­lhos já se alimentam e tomam ba­­nho sozinhos. Na hora de dormir, a história complica um pouco. "Ar­­ru­­mar cama para todos, colocar pijama, escovar os dentes. Criança com sono fica mais manhosa mesmo", desculpa. Mas as birras só co­­me­­çam quando os pais aparecem pa­­ra as visitas, a cada dois ou três dias. "É impressionante como eles se transformam quando os pais chegam. Quando estão sozinhos comigo é tudo muito tranquilo."

Revezamento

Na casa de Rosali Nogueira, de 63 anos, a visita dos netos agora é dia sim, dia não. Ela alterna com Marli Michels, de 68 anos, avó materna de Gabriel, de 4 anos, e Clara, de 11 meses, a tarefa de cuidar das crianças para os pais poderem trabalhar. A rotina mudou para todo mundo. Emerson Nogueira e a es­­po­­sa Silvana precisam acordar mais cedo para preparar as crianças. A opção pelo revezamento foi a alternativa do casal para não so­­brecarregar nenhuma vovó. Nos dias "sem criança", elas aproveitam para manter suas atividades habituais, ainda que com ritmo me­­nos intenso. Na casa de Rosali, os filhos de Emerson ganham companhia de duas primas: Maria Luiza, de 11 anos, e Maria Fer­­nan­­da, de 5. "Tudo vira brincadeira", diz a avó paterna.

Marli observa a peculiaridade da relação de avós e netos nos dias de hoje. "Minha mãe não tinha essa intimidade com minhas crianças. Tinham pouco contato e nunca os deixei com ela", lembra.

O mais feliz com a mudança é Gabriel. Ele acorda animado, bem di­­­­ferente do comportamento para ir à escola. O convívio o aproximou das avós, antes visitadas mais aos fins de se­­mana. "Os laços afetivos ficam mais es­­treitos com a aproximação. E netos e avós podem exercitar suas funções de pertencimento e origem", observa a psicóloga So­­lan­­ge Ros­­set, terapeuta familiar. Essa convivência abre um novo pa­­drão de comportamento, em que avós dividem as tarefas, mesmo que as re­­gras e a obrigatoriedade da educação ainda sejam dos pais. "A flexibilidade dos avós é um alívio na rotina das crianças. E isso é enriquecedor".

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Interatividade

Os avós ficam sobrecarregados com a tarefa de cuidar das crianças?

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

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