Gincana na higiene
A temporada na casa da vovó também exige cuidados redobrados com a higiene para evitar a contaminação, seja de gripe A ou de qualquer outra doença. As orientações são da médica infectologista Rosana Camargo, professora do curso de Medicina da PUCPR e diretora do Hospital Osvaldo Cruz:
Aglomeração Evitar mais de cinco crianças na mesma casa. A dica vale para a casa dos avós com netos e amiguinhos , e mesmo em outros arranjos domésticos com empregadas ou cuidadoras.
Ar fresco Ambientes arej ados, bem ventilados, garantem a renovação do ar. Brincar ao ar livre, no quintal ou no jardim, também é salutar.
Mãos limpas Lavar as mãos sempre que voltar da rua ou quintal , antes de comer ou depois de tossir e espirrar. "É uma boa oportunidade de reforçar hábitos de higiene básicos. E tudo pode ser feito de uma maneira lúdica, envolvendo as crianças em atividades divertidas". A dica é criar uma gincana, com pontos ou prêmios para quem adotar os hábitos corretos.
Mão na boca Usar lenço de papel ou papel higiênico para proteger a boca ao tossir e espirrar. E jogar o papel no lixo. O ideal é fazer da prática uma brincadeira, para desenvolver o hábito na criança.
É meu! A frase mais pronunciada por crianças deve ser levada a sério. Cada um ter o seu próprio utensílio para comer: pratos, copos, talheres e canudinhos.
Não dividir Compartilhar alimentos é fator de risco. Nada de oferecer a bolacha que uma criança comeu pela metade para outra mais esfomeada. Comida que sobra no prato também tem de ser jogada fora.
Esterilização Chupetas, mamadeiras e outros objetos que vão à boca devem ser bem lavados, sempre, assim como os brinquedos.
Água Oferecer muito líquido às crianças, além de os próprios avós também beberem mais água. Ajuda na higiene respiratória.
Passear na casa da avó é pura diversão para a garotada. Para os pais, significa um lugar seguro onde é possível deixar os filhos aos cuidados de quem os ame tanto quanto eles. É garantia do sossego necessário para trabalhar, viajar e até namorar. A gripe A que forçou a prorrogação do recesso escolar , deu novas cores à parceria entre pais e avós para as tarefas do dia a dia com as crianças. As visitas semanais ou permanências esporádicas para pai e mãe cumprirem compromissos pessoais ou de trabalho extrapolaram os fins de semana. Vovós e vovôs viram suas casas e suas rotinas transformadas pela "invasão" da criançada, agora também de segunda a sexta.
Primeiro, foi o susto. Professora da rede municipal de ensino, Sandra Gomes teve os sintomas de gripe suína e em menos de 12 horas já tinha mandado os filhos Lívia, de 4 anos, e Rafael, de 2 , para a casa dos avós maternos. "Meu marido me deixou no hospital e já os levou para lá. Só os vi depois de cinco dias, quando a gripe passou", conta. A suspensão das aulas deu o motivo que faltava para manter as crianças isoladas. A duplinha se juntou aos outros primos que também visitavam a avó Maria Joana da Silva Mendes, de 71 anos. Na semana passada, vovó Joana estava com a casa lotada: seis netos para brincar em 5 mil metros quadrados de um condomínio rural em Campo Largo, com cachorro, galinhas e campo de futebol. Nesta semana, Lívia e Rafael têm apenas Marcelo e Henrique, de 9 e 7 anos, para dividir a atenção dos avós.
A casa cheia não é uma novidade para Joana. Ela cuidava dos irmãos mais jovens, depois, deu conta dos cinco filhos, com a ajuda da mãe. Agora, são nove netos, e sempre tem um par deles perambulando pela casa. "Não tenho tempo de envelhecer, com tanta criança por perto. Adoro tê-los por aqui. Tenho muita paciência para cuidar, mas sou enérgica. Eles pulam miudinho comigo", diz.
Com espaço de sobra, Joana faz questão de jogar bola, peteca e brincar de esconde-esconde com as crianças. As tarefas rotineiras têm a ajuda de uma empregada e da própria molecada. Os mais velhos já se alimentam e tomam banho sozinhos. Na hora de dormir, a história complica um pouco. "Arrumar cama para todos, colocar pijama, escovar os dentes. Criança com sono fica mais manhosa mesmo", desculpa. Mas as birras só começam quando os pais aparecem para as visitas, a cada dois ou três dias. "É impressionante como eles se transformam quando os pais chegam. Quando estão sozinhos comigo é tudo muito tranquilo."
Revezamento
Na casa de Rosali Nogueira, de 63 anos, a visita dos netos agora é dia sim, dia não. Ela alterna com Marli Michels, de 68 anos, avó materna de Gabriel, de 4 anos, e Clara, de 11 meses, a tarefa de cuidar das crianças para os pais poderem trabalhar. A rotina mudou para todo mundo. Emerson Nogueira e a esposa Silvana precisam acordar mais cedo para preparar as crianças. A opção pelo revezamento foi a alternativa do casal para não sobrecarregar nenhuma vovó. Nos dias "sem criança", elas aproveitam para manter suas atividades habituais, ainda que com ritmo menos intenso. Na casa de Rosali, os filhos de Emerson ganham companhia de duas primas: Maria Luiza, de 11 anos, e Maria Fernanda, de 5. "Tudo vira brincadeira", diz a avó paterna.
Marli observa a peculiaridade da relação de avós e netos nos dias de hoje. "Minha mãe não tinha essa intimidade com minhas crianças. Tinham pouco contato e nunca os deixei com ela", lembra.
O mais feliz com a mudança é Gabriel. Ele acorda animado, bem diferente do comportamento para ir à escola. O convívio o aproximou das avós, antes visitadas mais aos fins de semana. "Os laços afetivos ficam mais estreitos com a aproximação. E netos e avós podem exercitar suas funções de pertencimento e origem", observa a psicóloga Solange Rosset, terapeuta familiar. Essa convivência abre um novo padrão de comportamento, em que avós dividem as tarefas, mesmo que as regras e a obrigatoriedade da educação ainda sejam dos pais. "A flexibilidade dos avós é um alívio na rotina das crianças. E isso é enriquecedor".
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