Brasília Dezesseis dias após o acidente com o avião da TAM, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em reunião com ministros e líderes partidários, que estava mal informado sobre a extensão e a gravidade da crise aérea que assola o Brasil há mais de dez meses. "É como um paciente que não soubesse a gravidade da doença e aí, quando vê, está com metástase no corpo todo'', disse Lula, segundo os relatos de participantes.
A comparação do caos aéreo à fase terminal de um câncer é a primeira admissão de Lula, ainda que distante dos microfones, de que o governo não tinha noção do tamanho do problema. Foi somente na posse do novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, na semana passada, que Lula usou a palavra "crise'' para o caso.
Antes, sempre fazia um diagnóstico menos severo, em que atribuía os problemas a uma conjunção de fatores: quebra da Varig, rebelião dos controladores de vôo e acidente com o avião da Gol. Em março, chegou a cobrar "prazo, dia e hora'' para o fim dos problemas nos aeroportos brasileiros''.
Aquém
O presidente levou dez meses para tirar do cargo o ministro Waldir Pires (Defesa), que o próprio Palácio do Planalto considerava aquém da tarefa de arrumar a bagunça aérea. Quis esperar que a crise amainasse, o que não ocorreu.
Na reunião de ontem, Lula afirmou, sempre segundo participantes, que Jobim foi designado para "criar'' o Ministério da Defesa, que até hoje "não existia''. Na posse de Jobim, já havia afirmado que "é preciso repensar o Ministério da Defesa, porque está aquém daquilo que é a exigência da sociedade''. Disse também que o ministério só existia "no papel''.