Lula e os eleitores do Paraná

Passado o primeiro turno das eleições, análises iniciais sobre os resultados indicaram uma rejeição ao presidente Lula nos estados do Sul do Brasil, inclusive Paraná, em função dos porcentuais de votos obtidos pelo candidato à reeleição nesta região. Como normalmente acontece, esse tipo de avaliação parcial e precária tende a incorrer em erros. Na verdade o desempenho eleitoral de Lula no Paraná cresceu em 2006 se desconsiderarmos a eleição de 2002, que foi atípica. Literatura sobre eleições oferece uma conceituação de três tipos ideais de disputas: eleições críticas, de realinhamento e mantenedoras (V.O. Key, 1955). De maneira geral, as últimas são disputas em que os resultados finais representam os padrões de comportamento político tradicional de uma sociedade. As eleições críticas acontecem quando os eleitores optam por uma mudança no perfil dos representantes e as chamadas eleições de realinhamento se dão quando novas opções ou perfis são incorporados aos padrões da elite política tradicional. A história de votação de Lula no Paraná indica que o desempenho de primeiro de outubro passado foi o melhor do candidato no estado em eleições mantenedoras. Entre 1989 e 2006 tivemos cinco votações para presidente e, em todas, Lula foi candidato. Os resultados mostram que no Paraná, a exemplo de todo o Brasil, em 2002 tivemos uma eleição crítica, com inversão das preferências eleitorais em favor de Lula. No primeiro turno de 2006 houve um realinhamento eleitoral com a incorporação de Lula e o PT à elite política tradicional (com tudo o que isso representa). Sendo assim, ao compararmos o desempenho de Lula no primeiro turno de 2006 com as eleições de 1989 a 1998, é possível perceber um crescimento eleitoral do candidato no estado. Lula passou de 8,5% de votos no Paraná em 1989, para 22,7% em 1994, 27,28% em 1998, 50,1% em 2002 (eleição crítica) e 37,9% em 2006. A diferença é que em 2006 ele está integrado à elite política governante e passa a ser julgado não mais por suas promessas de mudança no mundo futuro, mas pelos atos concretos de seu governo no mundo atual.