"A mãe me deu um soco, puxou meu cabelo bem forte, me jogou da cadeira e bateu minha cabeça no chão várias vezes. Tudo isso na frente de cerca de 20 crianças", disse a professora Andreia Sueli Vieira Carvalho sobre a agressão que sofreu no refeitório do Centro Educacional Infantil São Luiz, em São José (SC), na segunda-feira (6).Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, a menina de 3 anos teria dito para a mãe que apanhou na escola. A mãe foi reclamar e acabou agredindo a professora.
"Estava dando comida para as crianças quando a mãe da aluna chegou. Sorri para ela, mas ela não parecia bem, passou por mim e voltou dando o soco na minha cara. Não tive chance de me defender. Ela me arrastou, machuquei os joelhos, pés e dedos dos pés. Quando me levantei, ainda tonta, ela me jogou contra a parede e voltou a bater minha cabeça, dessa vez contra a parede", disse Andreia.
A professora relatou ainda que sofreu agressões verbais. "Ela me xingou de várias coisas que não posso repetir. As crianças ouviram tudo. Além disso, ela disse que iria me matar, que queria me matar. Se estivesse sozinha na escola, acho que ela teria conseguido. Fui salva pelos funcionários da creche", afirmou Andreia.
Recuperação e perdão
Rosa Maria da Silva Schmidt, secretária municipal de Educação de São José, disse ao G1 que a professora foi afastada preventivamente para poder se recuperar do ocorrido. "Ela sofreu no corpo e na alma. A aula termina em 17 de dezembro e ela terá o tempo que precisar para voltar bem ao trabalho."
A professora disse que se isolou por um dia inteiro para refletir sobre o ocorrido. "Fiz um retiro espiritual para reencontrar forças para voltar ao meu cotidiano. Ainda tenho medo de ficar sozinha em casa, estou morando com minha mãe. Felizmente meu marido vai tirar férias e ficar mais tempo comigo. Não consigo sair de casa para ir até a padaria por medo. Eu perdoo a mãe que me agrediu, mas quero justiça."
Rosa Maria afirmou que deve mudar a professora de unidade. "Ela é concursada e trabalha para a prefeitura há 14 anos. Ela tem uma ficha limpíssima e não tem nada que a desacredite como boa educadora. Não concordamos com violência."
Investigação
A vítima registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal e fez exames de corpo de delito. Ela prestou depoimento nesta quarta-feira (8) e disse à polícia que trabalha como professora há 18 anos. A mulher está afastada. Ainda segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o boletim deu origem a um Termo Circunstanciado de Ocorrência. Uma testemunha será ouvida na próxima semana sobre o ocorrido.
A mãe deve prestar depoimento na próxima segunda-feira (13). Segundo a professora, a Justiça marcou a audiência para analisar o caso para 4 de maio de 2011. "A Justiça no Brasil é muito demorada, mas eu continuo querendo que seja feita justiça com quem fez isso comigo".
Em termos administrativos, a secretária municipal de educação disse que não vai abrir sindicância para apurar as reclamações da mãe suspeita de agressão. "Já ouvi relatos da direção e de funcionários que a reclamação alegada pela mãe não se configurou como verdade. De qualquer forma, a criança, que não voltou a frequentar a escola depois do ocorrido, está com sua vaga garantida", disse Rosa Maria.
Rotina escolar
O passeio que as crianças da creche fariam no zoológico, nesta quinta-feira (9), foi cancelado. "Ainda estamos avaliando, mas é possível que a festa de fim de ano, com distribuição de presentes para as crianças seja cancelada também, mas ainda faremos um esforço para que isso não ocorra", disse Rosa Maria.
A professora Andreia disse ouviu relatos de pais das crianças sobre a rotina das crianças que presenciaram a violência na escola. "Os pais me falaram que elas têm pesadelos. Temem sofrer agressões por qualquer motivo e estão com medo de ir para a escola."
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