Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que os universitários brasileiros procuram cada vez menos cursos voltados para o magistério. As licenciaturas de Letras, Química, Física e Filosofia foram as que mais tiveram queda no número de formandos. Por outro lado, profissões tradicionais, como Medicina e Direito, continuam atraindo uma multidão de estudantes. Na área de formação de professores de matérias específicas, como Biologia e Geografia, houve apenas 70 mil formandos em 2007 contra 300 mil nas áreas de Gestão, Negócios e Direito. São 83 mil novos advogados, 120 mil administradores e apenas 1,2 mil professores de Filosofia.
Para especialistas, os números revelam a queda do interesse pelo magistério e mostram que é preciso um grande investimento nessa área. Caso contrário, o Brasil continuará tendo péssimos índices na educação básica, que é diretamente afetada pela falta de professores qualificados. O resultado da pouca procura pela licenciatura é que docentes dão aulas para as quais não estão preparados.
O presidente-executivo do Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos, diz que os dados do Inep são um retrato da desvalorização do magistério. "Esse desinteresse não ocorre em áreas que tem grande prestígio social." Ele diz que as medidas adotadas pelo governo federal para reverter esse quadro ainda são tímidas. O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou que serão criados institutos específicos para a formação de professores, além de bolsas de estudos para a licenciatura.
Ramos afirma que os estudantes que optam pelo magistério geralmente têm poder aquisitivo menor e mais dificuldades para concluir o curso. "Em países desenvolvidos ocorre justamente o contrário. Os melhores alunos se tornam professores e têm total apoio do estado". Ele diz que apenas 9% dos professores de Física tiveram formação inicial nessa graduação. "Isso afeta todo o ensino básico." Outro ponto negativo apresentado por Ramos é que as universidades estão muito distantes do que é ensinado na escola pública. "A universidade precisa repensar sua estratégia. A educação tem de ser uma prioridade da nação".
A mestranda em Filosofia Thaís Cristina Cordeiro terminou a graduação vendo o pouco interesse dos colegas no magistério. Segundo ela, a maior parte dos estudantes pretendia seguir carreira acadêmica. Thaís pensa em terminar o mestrado e encarar o desafio de dar aulas. "Vi uma diferença gigantesca entre o que aprendi na universidade e a aplicação do conteúdo dentro da sala de aula do ensino médio." Ela diz que a maior dificuldade encontrada é a falta de qualidade no ensino da base educacional. As crianças e adolescentes têm dificuldade em leitura e a Filosofia exige reflexão. Mesmo assim, a filósofa quer seguir o magistério porque acredita na importância da disciplina para formar cidadãos. (PC)
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