No dia seguinte ao anúncio da quebra do sigilo nas investigações dos supostos homicídios na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba, pelo menos 21 pessoas procuraram a polícia para relatar histórias relacionadas a atendimentos na entidade. Os depoimentos foram ouvidos no Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), responsável pelo inquérito que já resultou na prisão da chefe da UTI Virgínia Soares de Souza e outros quatro funcionários.
Os relatos são, na maioria, de familiares que desconfiam da existência de irregularidades no atendimento a pessoas que ficaram internadas em leitos de UTI do Hospital Evangélico. Em um dos depoimentos, nesta tarde, a família de uma senhora de 73 anos relatou que ela foi internada em uma unidade de tratamento intensivo do hospital em 2010 com uma fratura no punho. Dias depois ela faleceu, segundo atestado de óbito, devido a uma infecção generalizada e pneumonia.
O depoimento da família, assim como vários outros, passa a integrar os relatos relacionados ao caso e pode dar mais subsídios às investigações sobre as mortes na UTI do Evangélico.
Investigações
Até o momento, poucas informações das provas que compõem a investigação policial foram divulgadas. A justificativa até esta segunda-feira (25), passados seis dias da prisão da médica Virgínia Soares de Souza, era de que o caso corria sob segredo de Justiça.
Mesmo com a derrubada do sigilo no caso, nesta segunda (25), a polícia ainda não divulgou publicamente informações sobre o inquérito. A justificativa apresentada é que o caso só será amplamente divulgado quando os familiares das vítimas da UTI investigadas forem avisados do andamento do processo.
Nesta segunda-feira (25), diretores do Hospital Evangélico haviam defendido, em entrevista à imprensa, o sigilo das investigações, que já duram cerca de um ano. O hospital criticou ainda o modo como as investigações estão sendo conduzidas e chamou a operação policial de "constrangedora".
Também em coletiva à imprensa, o advogado de defesa de Virgínia, Elias Mattar Assad, reclamou da falta de acesso integral ao inquérito. Ele pediu ajuda à OAB para garantir a obtenção de cópia integral do processo com obituários e gravações de áudio e entrou com mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para pedir o cumprimento da autorização judicial que permite o acesso irrestrito às provas pela defesa.
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