Participantes da chamada Marcha da Liberdade, em Belo Horizonte, aplaudiram hoje a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que liberou as manifestações públicas em favor da maconha. "A marcha da liberdade surgiu da repressão à marcha da maconha e da violência em São Paulo. É uma forma de estarmos comemorando a vitória na quarta-feira (quando ocorreu a decisão do STF). Estamos comemorando em grande estilo o nosso direito de expressar", afirmou o gerente administrativo, Victor do Carmo, 30 anos, um dos organizadores da manifestação.

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"O direito de liberdade da manifestação do pensamento é muito claro na Constituição e que o STF fez foi ter uma interpretação até muito literal do texto constitucional. O que espanta é que os juízes tenham proibido em algum momento essa marcha da maconha. Não existe censura prévia no nosso ordenamento jurídico", destacou Túlio Vianna, professor de Direito Penal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Vadias

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Em Belo Horizonte, a Marcha da Liberdade - que reuniu outros movimentos - se juntou ao movimento feminista conhecido como Marcha das Vagabundas, que teve origem em Toronto, no Canadá, depois que um policial teria recomendado às mulheres para não se vestirem como "vadias" a fim de evitar a violência sexual.

Algumas centenas de pessoas se concentraram na Praça da Estação, região central da cidade. A marcha, de caráter festivo, teve início por volta das 15h45. Os manifestantes seguiriam até a Praça da Liberdade, na região centro sul da capital.

Organizadora da marcha feminista, a atriz Débora Vieira também considerou positiva a decisão do STF, que "reafirma o que está na Constituição". Segundo ela, contudo, os temas não são discutidos no País por uma questão cultural.

CNBB

Os defensores da descriminalização da maconha evitaram críticas à declaração do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno, que defendeu ontem que a parte da sociedade que é contra o uso da droga deveria se mobilizar e promover uma "marcha contra a maconha".

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"A sociedade tem o direito de discordar, mas tem o dever de ouvir. São situações que existem. A maconha existe, o homossexualismo existe...", observou Victor do Carmo. "Mas eles deveriam protestar é contra a venda de cigarro em qualquer esquina, contra o álcool, que mata muito mais", completou o eletricista Rafael Pereira, de 24 anos.