A senadora Marina Silva (PV-AC), pré-candidata do PV às eleições presidenciais de 2010, criticou hoje a postura do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao apagão ocorrido na noite da última terça-feira, dia 10. Segundo ela, o governo não assumiu suas responsabilidades nem se colocou à frente do problema. "Fica mais fácil terceirizar uma vitória do que uma derrota", afirmou, depois de participar de convenção de sua legenda na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Segundo ela, o blecaute causou desgaste político não apenas ao governo, mas desgaste econômico, social e moral aos brasileiros. "Foi uma situação inaceitável para os brasileiros que se viram diante dela", disse. Para a senadora, ainda é preciso diagnosticar as causas do problema para poder evitar novas falhas no futuro. "Se o próprio presidente Lula disse que a investigação está na fase do 'achismo', quem sou eu para dizer o contrário", alfinetou.
Marina frisou que o governo precisa diversificar a matriz energética do País para reduzir a dependência das usinas hidrelétricas, que dependem de longas linhas de transmissão, suscetíveis a incêndios, raios e tempestades. Em sua opinião, o investimento em energia baseada em recursos hídricos é mais barato, mas o custo no longo prazo sai mais caro. "Defendo o princípio de precaução para evitar os erros", emendou.
E as críticas de Marina não foram dirigidas apenas à postura que o governo Lula adotou frente ao apagão da última terça-feira. Em relação às metas de emissão de gases causadores do efeito estufa, anunciadas ontem pela ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que também é pré-candidata à sucessão do presidente Lula nas eleições do ano que vem, a senadora disse que é fundamental o Brasil assumir as metas como um compromisso e não apenas como uma meta voluntária. "Sinto que há uma falta de compreensão quando o governo fala em meta voluntária. Quanto se apresenta esta meta no âmbito da convenção, ela se torna um compromisso vinculante", disse.
A ex-ministra do Meio Ambiente defendeu que o Brasil deve liderar as discussões sobre o assunto com os países ricos e emergentes na Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca. Ela também questionou o discurso do governo de que é preciso ter dinheiro para atingir a meta. "Quando se gera um filho, é preciso embalá-lo. O Brasil tem que aportar os recursos necessários e buscar apoio externo", advertiu. Apesar das críticas, Marina elogiou a criação de uma meta. "Reconheço que é uma posição positiva e adequada."
Questionada sobre a aliança política com o PSOL para sua candidatura nas eleições de 2010, Marina afirmou que foram criadas comissões em ambos os partidos para discutir o assunto, mas que as conversas ainda não começaram. "Foi apenas um gesto na direção do encontro", disse. Segundo ela, os partidos terão de fazer uma discussão programática porque têm visões políticas diferentes. "Mesmo assim, faremos um esforço para estarmos juntos, seja de modo formal ou informal", disse. Marina destacou que a aliança para o governo federal não se desdobrará nos Estados.
Durante seu discurso na convenção, a ministra comentou sobre o fato de ser evangélica, e disse que muitas pessoas imaginam que ela seja uma pessoa fundamentalista e intolerante por causa da sua religião. "Isso pode ser uma visão preconceituosa", afirmou.
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