Em tempos de aumento de índice de desemprego e quedas de produção do setor industrial, um estudo coordenado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) revela que 67% das famílias maringaenses afirmam não sentir os efeitos da crise econômica mundial. No entanto, 14% dos entrevistados falam que tiveram pelo menos um integrante da família que perdeu o emprego por conta das inclinações do mercado.
O estudo feito pelo professor Joilson Dias entrevistou cerca de 1.100 famílias entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, pertencentes a várias classes sociais e de diferentes ocupações profissionais, tais como trabalhadores de indústria, empresários, autônomos, entre outros.
Segundo Dias, o índice médio aponta que 67% das famílias não sentiram os efeitos da crise. "Somos uma cidade privilegiada, em janeiro o Brasil todo registrou uma queda de 600 mil empregos e Maringá revelou um saldo positivo de 487 vagas geradas", avalia.
Apesar do otimismo, 14% dos entrevistados tiveram um familiar que perdeu o emprego por conta da crise. "São pessoas geralmente ligadas ao setor industrial. Em 2008, as fábricas de Maringá demitiram mais de 2 mil pessoas", diz o professor.
Entre os empresários entrevistados, apenas 6% afirmaram ter registrado uma queda nos faturamentos neste período. Mais de 9% das famílias falaram que sentiram uma redução de sua renda no começo do ano e 3,3% afirmam que tiveram de vender algum bem por conta da crise econômica.
Cerca de 37% dos entrevistados acreditam que a sua renda vai aumentar e 27% acham que haverá aumento de empregos.
Apesar da esperança dos maringaenses, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Maringá (ACIM), Adilson Emir Santos, diz que "a crise não está para brincadeira". "Estamos fechando nossos dados ainda, mas posso afirmar que o mês de fevereiro não foi bom para nós, tivemos quedas no comércio e também na indústria, que são, com certeza, reflexos da crise. É uma situação que preocupa, pois o mês de fevereiro de 2008 foi muito positivo", afirma.
A Agência do Trabalhador de Maringá também sentiu os efeitos da crise. Segundo o gerente Maurílio Mangolin, as grandes indústrias da cidade diminuíram as contratações. "Antes tínhamos uma média de 150 vagas mensais para linha de produção. Sentimos que esse número diminuiu", afirma. A Agência não fechou um balanço preciso sobre o assunto, mas o gerente acredita que a crise esteja afetando a oferta de empregos, mas não atinge índices preocupantes.
Situação privilegiada?
Para o professor Joílson Dias, Maringá não foi tão fortemente afetada pela crise até o momento por causa de diversos fatores. "Nosso setor de serviços é muito forte, em especial na educação e saúde. Ninguém deixa de ir pra escola, universidade ou se abdica de tratamento facilmente. Geralmente esses são os últimos itens a serem cortados em caso de economia", afirma.
Dias diz que a agroindústria tem boas expectativas para a próxima safra, em abril. "Existem também as indústrias de álcool e açúcar, que tornam a região mais forte", explica.
Ele ressalta também os investimentos públicos e privados em obras. "O setor da construção civil continua aquecido, gerando empregos. Não sabemos até quando, mas enquanto estiver ativo, será um estímulo importante", ressalta.
Para o presidente da Acim, o importante nesta época é não perder a esperança. "O começo de março foi bom, em especial nos dias 6 e 7, esperamos que continue no mesmo ritmo. Se as pessoas continuarem investindo, conseguiremos passar por esse período com mais tranquilidade", opina.
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