Doze das 54 equipes do Programa Saúde da Família (PSF) de Maringá estão funcionando sem médicos. A informação é do presidente Conselho Municipal de Saúde, Carlos Rodrigues. O PSF é uma das prioridades do Ministério da Saúde, pois se baseia em um trabalho preventivo, com viés de longo prazo. Nesta semana, o órgão está promovendo um encontro, em Brasília, para discutir estratégias que impeçam o êxodo de profissionais de saúde da rede pública.
As equipes do programa são formadas por um médico, um agente comunitário, um enfermeiro e um auxiliar de enfermagem. Em alguns casos, também há profissionais de odontologia. De acordo com Rodrigues, o problema nas equipes de Maringá atinge apenas médicos. "Dificilmente as 54 equipes ficam completas, sem a falta de nenhum profissional. A rotatividade é grande. Mas nos últimos quatro meses o problema se agravou. Doze médicos a menos é um número alto."
A maioria dos profissionais deixa o programa, segundo Rodrigues, porque não se adapta ao trabalho ou porque quer ganhar mais eles recebem cerca de R$ 5,5 mil mensais por uma jornada de oito horas diárias. "Muitos não se adaptam à carga horária, porque perdem a liberdade para atender pacientes em seus consultórios particulares."
O PSF atende a cerca de 80% da população de Maringá, com consultas presenciais e visitas domiciliares. Sem médicos, o trabalho fica prejudicado. "As equipes não param, mas precisam ir tapando buracos. Nas visitas domiciliares, por exemplo, se a pessoa precisa de um médico, tem que se dirigir invariavelmente à unidade de saúde", explica Rodrigues.
Reposição e concursos
Só podem integrar as equipes do PSF médicos concursados. Quando um profissional se desliga, outro deve substituí-lo. Ocorre que, segundo Rodrigues, desde o início do ano não há mais médicos concursados em fila de espera. O problema pode ser resolvido em breve, já que um concurso municipal para a contratação de profissionais da saúde foi concluído nesta semana. Anda sim, Rodrigues se mantém receoso. "Não sabemos se teremos profissionais suficientes para suprir o problema, pois nem todos que passam no concurso assumem a vaga."
O secretário de Saúde de Maringá, Antonio Carlos Nardi, afirma que o problema não atinge apenas Maringá. "É uma questão nacional e mesmo internacional. Prova disso é que temos profissionais de outros países relatando como resolveram problemas semelhantes", diz, em referência ao encontro promovido pelo Ministério da Saúde, do qual participa. Ele destaca que, além do concurso concluído nesta semana, outro processo seletivo será terminado em janeiro, o que deve sanar o problema.
A Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com demais órgãos da área, está elaborando um relatório completo sobre a carência de médicos em Maringá, problema que atinge também as unidades de saúde. O trabalho é feito a partir de uma proposta aprovada na última conferência municipal da saúde e deve ser concluído em março, conforme previsão de Rodrigues.
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