Uma série de imprevistos atrasou a primeira etapa da vacinação contra a gripe A H1N1 em Maringá. O trabalho, que neste primeiro momento é voltado para alguns profissionais de saúde e índios, deveria terminar nesta sexta-feira (19), mas será estendido por prazo indeterminado. A coordenadora da vacinação na cidade, a enfermeira Edlene Aceti Goes, estima que sequer a metade do público-alvo tenha sido imunizada.
O problema se agrava porque, na próxima segunda-feira (22), começa a segunda etapa da campanha, direcionada a gestantes, crianças com idade entre seis meses e dois anos e doentes crônicos não idosos. Em Maringá, como a primeira parte do trabalho atrasou, as duas etapas terão de ser realizadas ao mesmo tempo. "É muita gente para vacinar em pouco tempo", diz a enfermeira.
O cálculo do Ministério da Saúde indicava que cerca de 3,5 mil pessoas deveriam ser vacinadas nesta fase em Maringá. A Prefeitura, porém, fez um levantamento que aponta que esse número é superior a 10 mil profissionais. Até o fim desta semana, Edlene estima que cerca de 5 mil tenham sido imunizados. "Não estamos nem na metade", revela.
A enfermeira diz que ainda é preciso vacinar trabalhadores de laboratórios e clínicas de radiologia, entre outros. O trabalho é centralizado na sala de vacinação da Secretaria Municipal de Saúde. "O movimento está sendo muito acima do que esperávamos."
Problemas
Edlene aponta três razões principais para o atraso. A primeira é a demora na entrega das vacinas, que foi distribuída pela 15ª Regional de Saúde. "A campanha começava em uma segunda-feira e só recebemos as doses na sexta. Não tivemos tempo para distribuir o material. Temos quase 30 unidades de saúde para abastecer", queixa-se.
Em resposta, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) diz que as doses foram distribuídas antes do início da vacinação, o que é suficiente. Diz ainda que, como a etapa durou duas semanas, houve tempo hábil para a distribuição do material e para a imunização completa.
Os outros dois fatores apontados por Edlene são a falta de clareza sobre o público-alvo e a própria complexidade da vacinação. Ela diz que o Ministério da Saúde não definiu quem eram os profissionais de saúde que deveriam se imunizar, o que causou confusão e mal entendido. "Essa indefinição deu a entender que todo mundo que trabalha na área de saúde deveria receber a dose, inclusive dentistas".
Coube ao próprio município definir o público-alvo, que foi formado pelos trabalhadores expostos aos riscos - em especial os que atuam em hospitais, unidades de saúde e laboratórios. Ocorre que o número da Prefeitura - 10 mil trabalhadores - se revelou quase três vezes maior que o estimado do Ministério, de 3,5 mil pessoas.
Isso tornou mais trabalhoso uma ação que já era complexa por natureza, conforme avaliação de Edlene. "Nunca aconteceu uma vacinação com tanta diferenciação de grupos, de faixas etárias e de tipos de vacina, já algumas são vetadas para certos públicos, como gestantes e crianças pequenas", pontua.
Próxima etapas
A campanha terá, além das duas etapas iniciais, mais três fases. Entre 5 e 23 de abril será vacinada a população jovem, com idade entre 20 e 29 anos. Entre 24 de abril e 7 de maio será a vez de idosos (60 anos ou mais) portadores de doenças crônicas. A última fase acontece entre 10 e 21 de maio e atenderá a pessoas com idade entre 30 e 39 anos.
Quem não se encaixa nesses grupos pode procurar laboratórios particulares que oferecem a vacina. Neste caso, a dose não é gratuita.