Maringá tem baixos índices de homicídio porque empurra o problema para as vizinhas Sarandi e Paiçandu, afirma a coordenadora do Observatório das Metrópoles, órgão que estuda problemas urbanos, Ana Lúcia Rodrigues. Ela também é professora de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e articula a criação de um núcleo de estudos sobre a violência na região Noroeste.

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"A nossa cidade tem um processo de crescimento no qual os problemas são empurrados para os municípios vizinhos. Ela se preserva de taxas altas de homicídios, mas o mesmo não se dá com Sarandi e Paiçandu, que formam um cinturão que engloba os problemas de Maringá", critica a estudiosa.

A raiz desse processo, na visão dela, está na especulação imobiliária. Como Maringá enfrenta desde 2006 uma forte alta no valor dos terrenos e imóveis, a população de baixa renda não tem acesso à cidade e migra para os municíoios periféricos, onde a infraestrutura é mais carente e, assim, a chance de proliferação da violência cresce. "Achamos um caminho de jogar nossos problemas para os vizinhos. Cascavel, por exemplo, não tem uma região metropolitana que incorpore a sua problemática."

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Dados das polícias Militar e Civil dão força à argumentação da professora. Paiçandu teve neste ano seis homicídios e Sarandi, 13 - o que resulta em uma média de 15 homicídios por 100 mil habitantes, para ambas as cidades. Em Maringá, esse mesmo índice é de 9,23.

Ana Lúcia afirma ainda que, em 2003, segundo estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o município teve 17 homicídios. Considerando que no ano passado esse número chegou a 44, ela nota um aumento preocupante.

"Temos um índice baixo em comparação com outras cidades, mas vemos observando um crescimento constante. A cidade não conseguiu se manter na faixa inferior a 20 assassinatos por ano. Isso mostra que estamos no mesmo universo de violência e problemática social que as demais cidades do país. Não somos um fenômeno."

Solução está em políticas conjuntas

Para a professora, a solução para o problema passa essencialmente pelo Estado, que deve formular políticas públicas que afastem a juventude da criminalidade. Esse trabalho, acrescenta, precisa ser executado de forma integrada entre as cidades da região.

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"Não dá para pensar em manter a política localista, com guerra fiscal e etc. Essa é uma prática ineficaz. Precisamos parar de brincar de ser região metropolitana e assumir um compromisso sério com os municípios vizinhos, formulando políticas conjuntas, porque o problema de Sarandi também é de responsabilidade de Maringá. Nós ajudamos a criá-lo."

Entre os investimentos que devem ser feitos, Ana Lúcia destaca a oferta de educação em período integral e a ampliação do acesso à informática, com cursos de capacitação na área. Já a integração entre as cidades está mais próxima de ser atingida - pelo menos no que diz respeito ao combate à violência, pois há mais de um ano foi criado o Conselho de Segurança (Conseg) Metropolitano, que reúne representantes de conselhos comunitários de 17 municípios da região e busca alternativas comuns para a questão.