Alegando sofrer ameaças, examinadores do Detran pedem afastamento das bancas
Examinadores do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) em Campo Mourão, no Centro-oeste do estado, pediram afastamento das bancas de avaliação alegando falta de estrutura e recebimento de ameaças por parte de candidatos reprovados no exame prático de direção veicular. O caso foi divulgado esta semana pelo Sindicato dos Servidores do Detran do Paraná (Sisdep). De acordo com a representante da entidade, Silvia Peneroti, o órgão de trânsito não tem adotado qualquer medida de segurança para evitar tais situações.
"Em muitos lugares, o examinador se desloca com 30 pessoas para outro lado da cidade e não se sabe o que passa na cabeça de quem vai fazer o teste. Diversos são os relatos de ameaças, perseguições e tentativas de suborno pelos candidatos que não se encontram aptos a portar a Carteira Nacional de Habilitação [CNH]. E isso não ocorre só em Campo Mourão, mas em outras Ciretrans do Paraná", relatou.
A procura de interessados em obter a primeira habilitação tem aumentado neste fim de ano em Maringá. A demanda tem sido tamanha que o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) precisou reforçar o quadro de examinadores no Município.
Desde o início deste mês, dois funcionários de outras cidades têm sido chamados todas as semanas para agilizar a realização de exames práticos. Segundo o órgão, cerca de 720 exames extras foram realizados somente este mês na Ciretran de Maringá, uma média de 240 por semana.
De acordo com a gerente do Centro de Formação de Condutores (CFC) Brasil, Vilma Pagiari, a procura de alunos para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) aumentou cerca de 30% no local. "É algo esperado. Pessoal que faz faculdade aproveita as férias para dar entrada na habilitação", conta.
A instrutora da Auto Escola Brasília, Adélia Kuroda, explicou que o movimento aumentou a partir de setembro. "No início do ano, o Detran aumenta um pouco o valor das taxas, então o pessoal aproveita para tirar a carteira de habilitação antes."
Com tanta procura, muitos candidatos e instrutores têm se queixado da falta de examinadores em Maringá. "Hoje, se eu for marcar um exame, não há horários. Chega a demorar praticamente um mês para o aluno fazer o exame" , conta Adélia.
A manicure Patrícia Silva é uma das candidatas que se preparam para fazer o teste prático de direção e acha ruim a demora para marcar os exames . Já fiz os exames teóricos e estou fazendo as aulas práticas. Acho importante que não atrase." Segundo o gerente da auto escola Viviane, Jonas Garcia, a quantidade de avaliadores permanece praticamente a mesma há muito tempo. "Sou instrutor há 17 anos e desde então a Ciretran continua com apenas três examinadores fixos. Pelo tamanho da frota, pela quantidade de auto escolas e pela procura dos candidatos, Maringá teria que ter pelo menos nove examinadores", explicou Garcia, que contabiliza um aumento de 50% na procura de interessados em obter a CNH neste fim de ano.
Para chefe da Ciretran, índice de reprovações dificulta atendimento da demanda
Segundo o chefe da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Maringá, José Zacarin, Maringá conta atualmente com quatro examinadores fixos. No entanto, um está de férias, sendo necessário o remanejamento de avaliadores de outras unidades.
Na opinião de Zacarin, o número de servidores em Maringá atende bem a demanda. "O problema é o índice de reprovação. O candidato reprovado tem 15 dias para marcar o teste, acumulando muitos exames. De qualquer forma, vamos conversar com as autoescolas e ver se há a necessidade de fazer um mutirão [de testes] ainda este ano", explicou. Em nota divulgada pela Agência Estadual de Notícias (AEN), o diretor-geral do Detran, Marcos Traad, informou que além de Maringá, o reforço de funcionários também está ocorrendo em outras Ciretrans, como as de Londrina e Ponta Grossa. "O Detran acompanha atentamente a alta na procura, que é histórica neste período do ano, para promover ações eficazes em diferentes regiões do estado com o intuito de deixar os processos mais ágeis e diminuir o tempo de espera dos candidatos", afirmou.
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