Arquidiocese de Maringá desaprova decisão da Câmara
A Arquidiocese de Maringá criticou publicamente as medidas adotadas pelo legislativo da cidade, que aumentou os próprios salários em cerca de 90%. Em nota encaminhada para a imprensa, o arcebispo Dom Anuar Battisti expressa sua desaprovação com o que ele chama de "proporção escandalosa do aumento". Ele lembra que muitos trabalhadores, para obter a simples a reposição da inflação, são obrigados a recorrer à greve.Battisti também desaprova o modelo da votação, em regime de urgência e sessão extraordinária trinta minutos depois. "Dessa forma, praticamente às escondidas do povo e da sua possibilidade de se manifestar parece ser exatamente essa a intenção , fica no ar uma impressão de coisa errada. Ações corretas e justas fazem-se às claras. Vereadores são pessoas públicas".
No comunicado, o arcebispo também ressaltou a atuação exemplar de alguns vereadores e parabenizou a economia feita nos últimos anos pelo legislativo. Ao concluir, Battisti pede à Comissão de Finanças e Orçamento para que reverta a decisão. Cremos haver ainda tempo e possibilidade de reverter a decisão tomada. Convocamos os cidadãos, especialmente católicos, de quem somos pastores, a participarem democraticamente das ações a favor dessa causa. Para o triunfo da democracia e da justiça é fundamental que o povo se organize e participe.
Poucos dias depois de aprovarem o aumento dos próprios salários em cerca de 90%, os vereadores de Maringá já pensam em rever o índice. Diante da cobrança da comunidade, membros da Comissão de Finanças e Orçamento (CFO) admitem a possibilidade de apresentar um novo projeto de lei para revogar o que foi aprovado na semana passada e sancionado pelo prefeito Silvio Barros (PP) na última segunda-feira (21).
Segundo um dos membros do grupo, Flávio Vicente (PSDB) que inclusive votou favoravelmente ao aumento informou que os valores estão sendo analisados. "O vereador precisa agir de duas formas: a partir de seus princípios pessoais e a partir da base que o elegeu. O que eu percebi é que muita gente que eu representei colocou algumas observações, [questionando] se não poderia ter uma análise novamente. Não dá para prometer que vai mudar, mas de fato estamos fazendo uma análise sobre esta questão dos valores", declarou em entrevista a RPC TV Maringá.
O vice-presidente da CFO, Paulo Soni (PSB), disse que não vai decidir sozinho. "Vamos todos os dez vereadores [que votaram pelo aumento] para ver a possibilidade fazer alguma coisa ou deixar como está".
De acordo com o presidente da Câmara de Maringá, Mário Hossokawa (PMDB), o projeto para revogar a lei que aumentou os salários só pode ser protocolado pela CFO. Mesmo assim, ele acha que é possível rever a decisão tomada na semana passada. "Assim como foi aprovado, pode ser alterado. Depende da vontade dos vereadores."
Outro parlamentar que havia votado a favor do reajuste de 90% e que declarou estar disposto a rediscutir os valores foi Carlos Eduardo Sabóia (PMN). "Eu vejo que realmente não agradou a comunidade. Se formos comparar os salários dos vereadores com o que estão responsáveis pela segurança , o salário do vereador ficou realmente muito grande".
Projeto polêmico
O aumento dos salários foi aprovado em regime de urgência na sessão na última quinta-feira(17). A proposta foi aprovada em primeira discussão por 10 votos a 3. No mesmo dia, a matéria recebeu novo parecer favorável durante sessão extraordinária.Votaram contrários ao projeto os vereadores: Humberto Henrique (PT), Manoel Sobrinho (PCdoB) e Mário Verri (PT). Marly Martin (PPL) não esteve presente na sessão. A nova remuneração dos parlamentares, válida para a próxima legislatura (2013-2016), passa de R$ 6,3 mil para R$ 12 mil - uma elevação de cerca de 90%.
A medida também beneficia secretários municipais, o vice-prefeito e o prefeito, que teve aumento no salário de R$ 17,3 mil para R$ 25 mil (elevação de 44%), maior até do que o subsídio pago atualmente ao prefeito de São Paulo (SP). Revoltados com o aumento, internautas se mobilizaram e em 48 horas chegaram a coletar mais de 1,4 mil assinaturas, que seriam encaminhadas para o prefeito. O movimento, chamado de "Super Salário não, revogação já!", ganhou o apoio de várias entidades.
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