Um dos maiores protestos de Maringá contra o governo ocorreu há mais de 50 anos, em 21 de setembro de 1958. O movimento local da chamada Marcha da Produção ajudou a organizar os cafeicultores rumo ao Palácio do Catete, na então capital federal, Rio de Janeiro.
O estopim se deu dois anos antes, quando os produtores paranaenses e paulistas haviam solicitado um reajuste nos preços das sacas de café, mas a reivindicação não foi atendida em sua totalidade. Algumas exigências foram acatadas por meio do Instituto Brasileiro de Café, contudo, o problema na balança comercial permaneceu.
Em 1958, as grandes manifestações organizadas em Maringá e em Londrina definiram 18 de outubro daquele ano como a data para a ida dos protestantes ao Rio de Janeiro. A Igreja Católica também abraçou a causa. Dom Jaime Luiz Coelho e Dom Geraldo Fernandes se empenharam para acompanhar as marchas locais. Com isso, a mídia passou a noticiar ainda mais o plano.
Durante o comício da marcha em Maringá, diversas personalidades discursaram, entre as quais o bispo Dom Jaime Luiz Coelho e o cafeicultor londrinense Álvaro Godoy. Centenas de pessoas prestigiaram o acontecimento. Placas ilustraram a revolta das entidades maringaenses. A atual Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim) pactuou do mesmo ideal por meio da frase: "A Associação Comercial apóia a Marcha da Produção". Na marcha rumo à capital, dias depois, participaram agricultores de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e do próprio Rio de Janeiro. Da região, foram organizadas quatro frentes: Maringá, Londrina, Jacarezinho e Paranavaí. Do Paraná, a grande caravana seguiria até Ourinhos (SP), onde se encontraria com os cafeicultores paulistas. A previsão inicial era de que aproximadamente 40 mil pessoas pressionassem o então presidente da República Juscelino Kubistchek.
A previsão inicial acabou se frustrando, porém. Os produtores paranaenses pegaram a estrada em direção a Ourinhos, mas, poucos quilômetros após Maringá, o grupo de veículos foi surpreendido por uma barricada e por soldados armados do 13º Regimento de Infantaria do Exército de Ponta Grossa, que estavam submetidos às ordens do Major Edmar Barreto Bernardes.
Apesar do pedido para os produtores pararem, Renato Celidônio, que era presidente da Associação Rural de Maringá, insistiu pela a liberação dos manifestantes. O pedido foi em vão e os produtores tiveram que retornar à Maringá, onde ficaram concentrados na área urbana.
Com o ocorrido, boatos se espalharam para as demais regiões. E, com isso, as frentes das outras cidades foram perdendo força. Apesar do revés aos cafeicultores, o movimento mostrou a força das organizações contra os abusos do governo.
Miguel Fernando escreve aos sábados na Gazeta Maringá. Ele é bacharel em Turismo e Hotelaria e especialista em História e Sociedade do Brasil. É instituidor do Projeto Maringá Histórica, o qual se estende na coluna publicada na Gazeta Maringá e em outra, produzida para a Revista ACIM
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