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Os vereadores que comandam uma investigação contra o prefeito de Sarandi, na região metropolitana de Maringá, Milton Martini (PP), estão recebendo uma série de ameaças de morte. O episódio mais recente aconteceu na quarta-feira (10), quando Luiz Carlos Aguiar (PPS) recebeu uma ligação anônima, orientando-o a "pensar no que está fazendo, pois tem uma família linda". Nesta quinta (11), ele registrou queixa na polícia.

Em dezembro, Aguiar já havia sido ameaçado, assim como o colega Aparecido Bianco (PT). As ligações sempre são feitas de telefones com número não identificado. "Na primeira vez, a pessoa que ligou disse que era para eu ter cuidado, pois essa investigação seria uma das últimas coisas que eu faria na vida", relata Aguiar.

A ameaça que mais assustou os parlamentares aconteceu há 15 dias. Bianco estava no quarto de casa, à noite, quando atendeu ao telefone celular. Do outro lado da linha, um homem descreveu o cômodo e os gestos que o vereador fazia. "Eu fiquei preocupado. Desde então não abro mais a janela do meu quarto", conta. "Não tenho medo, mas estou andando com cuidado na rua", acrescenta Aguiar.

Para Bianco, as ligações têm a clara intenção de intimidá-los, a fim de interromper as investigações. Os vereadores, contudo, não sabem quem está por trás das ameaças. "Há um grupo na cidade acha que nós queremos ‘ferrar’ o prefeito. Tem outro grupo que acha que estamos defendendo o prefeito. Estamos recebendo pancada de todos os lados", diz Aguiar.

Até está quinta-feira (11), quatro queixas haviam sido registradas na delegacia. O terceiro e último vereador que participa das investigações, José Roberto Grava (PSC), não foi alvo das ligações. Depois de ser procurado, o delegado de Sarandi, José Maurício de Lima Filho, orientou os parlamentares a não andar sozinhos à noite nem atender ligações anônimas.

Ele disse ainda que as ligações partem de telefones públicos, o que torna difícil identificar os responsáveis pelas chamadas. Nesta quinta, Lima não foi localizado pela reportagem para comentar o caso.

A reportagem do JM também procurou o prefeito Milton Martini para comentar o caso, mas ele não estava na prefeitura e seu aparelho celular estava desligado.No entanto, a sua assessoria de comunicação repassou a seguinte posição: "A administração municipal respeita a lei e é de pensamento do prefeito que a ação da Câmara é um dever a ser cumprido. Obviamente que a prefeitura não tem nada a ver com essas ameaças, até porque não iria reproduzir nada de benéfico. Estamos mantendo uma postura harmoniosa e respeitando os vereadores".

A investigação

Milton Martini é acusado de comprar, sem licitação, produtos agropecuários na loja do então chefe de gabinete da Prefeitura, Ailson Donizete de Carvalho, que se demitiu. São dez bombas para passar veneno e 150 litros de herbicida, que somam R$ 7,7 mil. Martini diz que não sabia que a loja era do funcionário e que já devolveu o dinheiro ao município.

Para investigar a denúncia, os vereadores de Sarandi montaram, no fim do ano passado, uma Comissão Processante (CP). Já foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa, incluindo o próprio prefeito e também o deputado Reinhold Stephanes Júnior (PMDB), que o defendeu.

Na próxima semana, a comissão deve concluir o relatório sobre o caso, que conterá um parece a favor ou contrário à cassação do prefeito. A decisão cabe aos vereadores e precisa ser tomada até o dia 5 de março.

Martini é investigado também na Justiça, acusado de outras irregularidades a frente da Prefeitura. Em dezembro, ele chegou a ser afastado do cargo pela Justiça, por supostamente estar coagindo funcionários públicos que são testemunhas dos processos. Dias depois, a decisão foi revertida e Martini retornou ao cargo.

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