Problemas com a documentação, perda do protocolo no INSS e uma espera de quase 365 dias. O martírio da dona-de-casa Jocélia Vieira, 33 anos, em busca do auxílio-reclusão é um retrato fiel da vida repleta de dificuldades que ela enfrenta em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba.
Mãe de cinco filhos, Jocélia teve de largar o trabalho de cinco anos que tinha na prefeitura de Araucária para cuidar da filha Alice, de 8 anos, que vive em uma cadeira de rodas por conta de problemas no parto. "Eu moro nos fundos da casa da minha mãe, que dá uma grande ajuda na criação dos meus filhos", conta.
Jocélia conheceu o atual companheiro no sistema carcerário em 2000. Ele foi condenado a 16 anos, segundo ela, por assalto à mão armada. Teve três filhos com ele (fazem aniversário em dezembro), todos devidamente reconhecidos. Em 18 de outubro de 2004, ela deu entrada na documentação do auxílio-reclusão.
Exatos quatro meses depois, ela soube pelo 0800 que o pedido foi indeferido porque ele não era mais segurado. "Fui até Cascavel, onde ele foi preso, para conseguir um documento que mostrasse a data de prisão e a contribuição ao INSS. Aí em abril dei entrada no recurso", conta. Em julho, em meio à greve dos servidores da Previdência, soube que o papel do recurso tinha sido extraviado. De posse da segunda via autenticada, voltou a fazer o protocolo. Mas aí bateu o desânimo: a resposta só sairá em 85 dias.
Segundo a assessoria de imprensa do INSS, a análise ocorrerá no próximo dia 13 e é normal a demora de dois a três meses para ser julgado. Quanto à perda do documento, o INSS informou que é difícil isso ocorrer, mas não impossível. Não há previsão se ela terá ou não direito ao benefício antes de que o companheiro saia da prisão em dezembro. (SLD)
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