"Apesar de curto, o relacionamento com o pai do meu filho, o Matheus, de 1 ano de idade, foi estável. Começamos a namorar dois anos depois de eu me separar de meu ex-marido, com quem tenho três filhas. Apresentados por amigos em comum, eu e esse novo companheiro tivemos um namoro normal, que durou oito meses. Até ele saber da gravidez. Dali por diante, tudo mudou.
Assim que soube, ele não só propôs interromper a gravidez, como terminou nosso relacionamento. Também se negou a registrar a criança. Me senti traída por não poder contar com a ajuda de uma pessoa em quem tanto confiei. Desde então, ele nunca mais esteve ao meu lado. E momentos difíceis não faltaram.
Com 15 semanas de gravidez, descobri que meu filho era portador de síndrome de Down e tinha uma doença cardíaca grave. Mesmo assim, com sete meses de gravidez, o pai do meu filho pediu demissão do trabalho e se mudou para outra cidade, conforme já havia me dito que iria fazer. Foi embora sem me dizer para onde.
De lá para cá, o Matheus foi internado quatro vezes. Quando ele fez cirurgia, ficou um mês e meio internado. Em nenhum momento recebeu a visita do pai. Aliás, isso nunca aconteceu. Ele só viu o filho quando a Justiça o convocou para esclarecimentos. E mesmo assim nem o pegou no colo.
Nesse período, como ainda hoje, conto com o apoio da minha família, amigos e de meu ex-marido, que, mesmo sem obrigação nenhuma em relação ao Matheus, tem ajudado muito. Só de remédios são R$ 350 por mês. Um valor muito alto para mim, que estou desempregada, pois tive que deixar o emprego por causa dos problemas de saúde do Matheus.
Quando descobri onde estava o pai do meu filho, comuniquei o Ministério Público. Após ser intimado pela Justiça, ele exigiu fazer o exame de DNA. Fizemos e foi comprovada a paternidade.
Sinceramente, não acredito que o vínculo dele com o Matheus ultrapasse o da pensão alimentícia, embora não me oponho a que ele o visite. Mas acho difícil isso acontecer.
Só fui atrás dele porque me senti muito humilhada por ele não assumir nosso filho. Para mim, era muito constrangedor saber que meu filho não teria o nome do pai. Sempre fui uma pessoa direita e ter que ir ao Instituto de Criminalística para provar o que eu estava falando foi, no mínimo, constrangedor.
Afinal, mesmo não sendo uma gravidez planejada, o Matheus não é fruto de um encontro fortuito. Ele nasceu de um relacionamento sério e deve ter seus direitos garantidos."
Maristela de Souza Cabianca, de 42 anos, auxiliar administrativa e mãe de Matheus.
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