Especialista com mais de 20 anos de experiência no estudo e no tratamento do câncer de próstata, o professor da Universidade de Toronto Laurence Klotz defende que, em cerca de dois terços dos casos, os tumores devem apenas ser acompanhados, sem a necessidade de tratamento cirúrgico ou com radiação.
A obervação sem intervenção já acontece quando o paciente tem mais de 75 anos ou outra contra-indicação cirúrgica, como doenças cardíacas graves. Mas o que Klotz propõe é a vigilância ativa, que consiste em acompanhar a evolução do carcinoma com exames de sangue trimestrais por dois anos e biópsias a cada quatro anos.
Com base em pesquisa iniciada há 13 anos, que acompanha 5 mil pacientes com tumores na próstata, Klotz concluiu que o simples acompanhamento pode ser a melhor atitude na maioria dos casos. "A cirurgia de próstata nunca é simples. Sempre há risco de seqüelas", diz.
"Quando os homens descobrem que estão com câncer ficam histéricos e querem logo arrancar o tumor", brinca Klotz, acrescentando que essa é a postura da maioria dos médicos também Mas, segundo ele, entre os casos pesquisados, apenas cinco pacientes morreram de câncer de próstata. Um terço precisou de tratamento. Outros 30% morreram de causas diversas.
Atualmente, nos Estados Unidos e no Canadá, 90% dos casos são tratados com radio ou quimioterapia ou com cirurgia. Para Klotz, a maioria dessas intervenções são desnecessárias. "O que define um tumor perigoso é o tamanho, a quantidade de nódulos e a elevação abrupta do PSA, que pode ser medido com exames de sangue".
O professor está no Rio desde esta segunda-feira (18) para a 5ª Maratona Urológica, de terça (19) a quarta-feira (20) na capital fluminense. Ele irá apresentar os dados mais recentes de sua pesquisa e informações novas sobre como prevenir o surgimento ou a evolução do câncer de próstata.
Klotz acabou de publicar estudo na revista "Annals of Epidemiology" comparando a dieta de 546 pacientes com câncer de próstata e 447 indivíduos saudáveis. Uma parte significativamente maior de pacientes com a doença tinha uma dieta classificada como ocidental (carnes vermelhas, frituras e pão branco).
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