Anvisa emite alerta sobre infecção causada por bactéria hospitalar
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica na sexta-feira passada em que alerta sobre a ocorrência de infecções pós-cirúrgicas por micobactérias de crescimento rápido (MCR) em diferentes regiões do país, o que considera uma "emergência epidemiológica". As infecções estão fortemente relacionadas às falhas nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização de produtos médicos.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio (SBCP-RJ), Sergio Levy, determinou que todos os instrumentos usados há mais de cinco anos devem ser trocados para prevenir a infecção por micobactéria, uma superbactéria resistente a antibióticos. "Fizemos uma reunião com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que fez essa recomendação. Eles também estão elaborando um protocolo mais completo", disse Levy. "No Rio, há dois casos confirmados, em uma cirurgia de videolaparoscopia e em uma cirurgia de emagrecimento", afirmou ele. No Espírito Santo, um caso de infecção durante cirurgia plástica foi confirmado e outros três estão sendo investigados. O surto de contaminação fez com que a Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo suspendesse, na semana passada, todas as cirurgias de lipoaspiração. Também há casos em Minas Gerais.
Um dos casos de contaminação no Rio foi confirmado em 15 de julho. A paciente passou por uma lipoescultura e, após a cirurgia, apresentou sintomas como febre, secreção, nódulos e vermelhidão. O Laboratório Central identificou a contaminação por Mycobacterium abscessus do tipo 1, diferente da que causou um surto em 2007, a Mycobacterium massiliense do tipo 2, com 248 notificações. Segundo Levy, a superbactéria é resistente aos procedimentos de esterilização realizado pelos hospitais e se localiza principalmente nas cânulas (instrumentos para fazer videocirurgias), que devem ser trocadas periodicamente.
A SBCP-RJ recomenda que essa troca seja feita a cada dois ou três anos. "Inicialmente, pensou-se em fazer cânulas descartáveis, mas haveria problema na fiscalização", disse ele.
O presidente da SBCP do Espírito Santo, José Renato Harb, considerou a suspensão das cirurgias uma medida exagerada e queixou-se do preconceito em relação à cirurgia plástica. De acordo com Harb, há 92 cirurgiões plásticos no Espírito Santo, responsáveis por 7.500 procedimentos por ano. Destes, 40% são lipoaspirações ou lipoesculturas. Ele afirmou que um outro surto, em 2007, fez com que a Secretaria revisse os métodos de atuação em caso de contaminação por micobactéria.
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