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Em família (e em segurança): Bruna (ajoelhada), com a filha Beatriz, a irmã Juliana, a mãe Sandra e o sobrinho João Lucca | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Em família (e em segurança): Bruna (ajoelhada), com a filha Beatriz, a irmã Juliana, a mãe Sandra e o sobrinho João Lucca| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

10 mil casas podem ter sido destruídas

Estimativas apontam que até 10 mil casas podem ter sido destruídas ou condenadas pelos deslizamentos de terra e desmoronamentos provocados pela chuva que atingiram cidades catarinenses. O desastre, ocorrido principalmente em bairros afastados e localidades rurais dos municípios, fez com que 5,5 mil pessoas fossem para abrigos e 27,2 mil para casas de parentes e conhecidos.

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Santa Catarina pede doações em dinheiro

A Defesa Civil de Santa Catarina anunciou oficialmente, no início da noite de ontem, que está suspenso o recebimento de donativos para as vítimas da enchente. Por enquanto, as doações devem ser feitas apenas em dinheiro por meio de depósitos bancários. Segundo a assessoria de imprensa, a entidade não tem onde guardar os milhares de donativos que chegam de todo o país. Galpões já estão sendo alugados em Florianópolis e no Vale do Itajaí.

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O medo de morrer ou de ver algo acontecer com a filha de 4 anos é responsável pela decisão da auxiliar administrativa Bruna Pratis de Souza, 31 anos. Ela se mudou de Blumenau no último sábado e veio para Curitiba, onde a mãe tem residência. Começar uma nova vida é o objetivo. "Eu moro em um morro que, segundo a Defesa Civil, não tem risco de cair. Mas eu nunca vi uma coisa dessas. Os morros começaram a derreter como sorvete. E eu não quero morrer", conta.

A auxiliar administrativa ficou na casa de sua tia, em uma região mais segura de Blumenau, desde o início das ocorrências. Voltou a sua casa por dois motivos: retirar os eletrônicos e buscar o gato e o peixe de estimação. "Além da chuva, enchentes e deslizamentos, as casas abandonadas são saqueadas por aproveitadores. Muitos não têm nada a perder. Qualquer colchão é lucro", afirma.

Bruna pediu demissão da empresa em que trabalhava. Cancelou as contas de telefone e do plano de saúde e saiu da cidade. Na bagagem, algumas roupas, os brinquedos da filha e o peixe de estimação. O restante da mudança, incluindo o gato, só virá depois que caminhões sejam autorizados a subir os morros de Blumenau. "Não havia espaço no meu carro. Mas, assim que for possível, volto para buscar meus móveis e eletrônicos que ficaram com a minha tia", diz. Há riscos para quem permanece na cidade, de acordo com Bruna, porque os próximos meses são, geralmente, chuvosos. "Eu amo Blumenau. Mas não tenho coragem de ficar lá. De deixar minha filha ver o que ela viu", pondera.

Na segunda-feira, Bruna começou a se cadastrar em sites que oferecem empregos em Curitiba. O interesse é ficar, pelo menos, mais de um ano fora de Santa Catarina.

A desempregada Tânia Alves dos Santos, assim como Bruna, não vê a hora de deixar Blumenau. Ela teme que novos deslizamentos possam acontecer. "Estou desesperada para ir embora, mesmo sem minha casa oferecer risco", afirma. "Daqui a uns tempos isso começa de novo."

Tânia mora no bairro Progresso, uma das regiões mais afetadas por deslizamentos. Por causa da queda de terra, ficou quase uma semana sem ver os filhos, que estavam na casa do pai. O acesso à residência só era possível pelo meio do mato. Como está grávida, pôde reencontrá-los apenas quando a passagem de carros foi permitida. Tânia ainda não sabe o destino da família, mas pensa em seguir para o município de Penha, em Santa Catarina.

O inspetor Flávio Almeida de Souza, de São Paulo, se muda definitivamente para Blumenau no início do ano. Ele se casa em janeiro com a namorada, moradora de Blumenau, e vai morar no bairro Progresso. O casal já está arrumando a casa. "Lá não é encosta de morro nem beira de rio", afirma Souza, despreocupado. "Em São Paulo estou acostumado com enchente." O sogro de Souza, Jorge Faria, está otimista: "Vai se estressar com a chuva, por quê? Todo mundo sofre", diz.

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