O medo do fechamento de algumas escolas da rede estadual de ensino paulista tem causado uma série de protestos de alunos e professores em todo o Estado de São Paulo. Ao menos 12 cidades registraram manifestações na frente das unidades, além da capital – onde um ato de estudantes e professores na Avenida Paulista terminou ontem com dois detidos.

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O receio teve início depois de a Secretaria Estadual de Educação ter anunciado, em setembro, uma reestruturação de toda a rede, que terá unidades separadas em três ciclos – ensino médio, anos finais (6.º ao 9.º) e anos iniciais (1.º ao 5.º) do ensino fundamental. A Apeoesp, maior sindicato de professores de São Paulo, divulgou lista que aponta o fechamento de ao menos 155 colégios no Estado.

Já a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou que “desconhece a lista de escolas apresentada”. “O sindicato se utiliza da boataria para mudar o foco do benefício pedagógico que a reorganização trará aos estudantes da rede estadual de ensino. A divisão de alunos por faixa etária não tem qualquer compromisso com o fechamento de unidades. Ao contrário. No caso de algum prédio ficar ocioso, ele será transformado em instrumento educacional: creche, escola técnica ou escola de tempo integral, por exemplo. Não haverá desativação de prédios escolares.”

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O ato realizado na Avenida Paulista bloqueou todas as faixas da via. Dois homens - um professor que não teve o nome divulgado e o jornalista freelancer Caio Castor – foram detidos durante a manifestação por desacato, mas liberados mais tarde. Segundo a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), 1 mil estudantes de 36 escolas estavam no local. Outras cidades, como Campinas, Jundiaí, Bauru e São Bernardo do Campo, também registraram protestos isolados.

Tensão. Na Escola Doutor Octávio Mendes, em Santana, na zona norte, a possibilidade de fechamento deixa professores e pais tensos. “Na semana que vem, vamos ter reunião de pais e não tenho o que dizer para eles porque nós também não temos certeza se a escola vai continuar aberta”, disse um funcionário, que pediu para não ser identificado.

A unidade tem 18 salas de aula, mas só sete turmas à tarde – e está na lista da Apeoesp. O mesmo ocorre com a Escola Castro Alves, na Vila Mariza Mazzei, também na zona norte, onde um grupo de pais fez um protesto no início da tarde de ontem e iniciou um abaixo-assinado contra o fechamento. “Além de levarem nossos filhos para mais longe, ainda vão ‘entupir’ as escolas de alunos e a qualidade do ensino vai cair”, disse a secretária Roberta Garcia Felipe, que tem filhos no 5.º, 6.º e 8.º anos.

Para o especialista em Educação da Ação Educativa Roberto Catelli Junior, a reestruturação é de caráter econômico. “Não existe nada do ponto de vista pedagógico que diga que a escola focada neste ou naquele nível forneça um ganho no ensino. Seria melhor diminuir o número de alunos por sala, por exemplo”, afirmou.

Para o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, faltou diálogo com a comunidade. “Não deveria ser tudo feito em uma cartada só. Deveriam implementar aos poucos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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