Bastava que a lei fosse cumprida para que o Paraná tivesse 25% do território coberto por matas e campos naturais. Não se trata de uma regra recente, imposta pelo novo Código Florestal, aprovado em 2012. Na verdade, desde 1934, toda propriedade rural precisa manter preservado um a cada cinco hectares. É a chamada reserva legal. A esse item obrigatório soma-se a exigência da conservação das Áreas de Proteção Permanentes (APPs), como margens de rios, das regiões de fronteira e das terras públicas.
Mas nem é necessário analisar imagens de satélite para saber que o estado não tem mais a quantidade de vegetação nativa que a legislação determina. Restaram apenas algumas manchas verdes, isoladas e pouco conservadas. As estatísticas não são precisas. As estimativas mais otimistas apontam que em cinco anos depois de concluído e analisado o Cadastro Ambiental Rural (CAR) será possível saber exatamente o que sobrou de cobertura natural em cada uma das propriedades do Paraná.
Mesmo ainda sem dados atualizados é possível cravar que, com os prazos e controles fixados pelo novo Código Florestal, será necessário plantar espécies nativas para recompor as áreas de APPs e reserva legal em até 20 anos. Junto com as novas manchas verdes, nasce um novo mercado. E um grupo de pessoas está se organizando para atender a demanda por mudas e tecnologia. O momento, contudo, é de expectativa. Enquanto o governo federal não liberar as regras de como deve funcionar a recuperação de áreas, muitos investimentos estão represados.
A verdade é que a legislação escancarou a possibilidade de se ganhar dinheiro manejando a área de reserva legal. Além das opções de corte de madeira, são potenciais fontes de renda também a associação com a criação de abelhas, o cultivo de ornamentais e ervas medicinais, as árvores frutíferas e outras plantas comestíveis, e o turismo rural, por exemplo. Mesmo o plantio de espécies exóticas de reflorestamento, como pinus e eucalipto, é permitido, em algumas situações e desde que não ultrapasse a metade da área. Vários cálculos feitos por pesquisadores indicam que, no momento, o manejo da reserva legal é mais rentável que outras atividades, como a pecuária.
O manejo na reserva legal é incentivado por alguns ambientalistas que acreditam que, sem opções econômicas, a mata não será preservada. Mas também há outros que defendem que resta tão pouco em condições aceitáveis de equilíbrio ecológico que é imperativo que seja conservado com o mínimo de interferência, para o bem da qualidade de vida da humanidade.
No tripé do desenvolvimento sustentável, que considera os aspectos econômicos, ambientais e sociais, o manejo de espécies nativas gera empregos em localidades distantes de grandes centros e com baixa oferta de trabalho.