Auge da restauração está por vir
Depois da tensão vivida durante a reformulação do Código Florestal, o momento é de marasmo enquanto o governo federal não libera as regras de funcionamento da nova legislação. Mesmo assim, diversos setores estão se mobilizando para fazer frente às necessidades de restauração que certamente irão surgir. O braço florestal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com sede nacional em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, destinou boa parte da equipe para desenvolver modelos de recuperação de área.
Já o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) acaba de criar a Diretoria de Restauração e Monitoramento da Biodiversidade, que tem à frente Mariese Muchailh. "Sabemos que haverá muito trabalho e é o que queremos, pois o objetivo é ter a maior área possível recuperada", diz. A estimativa de Mauro Sharnik, também do IAP, é que até novos funcionários públicos terão de ser contratados para dar conta da demanda dos processos de regularização das fazendas.
Também organizações ambientalistas esperam um boom e estudam dar suporte às novas demandas. A Fundação SOS Mata Atlântica pretende entrar no ramo de viveiros e capacitação de pessoal para restauração. "Do jeito que foi aprovado, o Código Florestal é ruim. Mas vamos cobrar fortemente que ele seja cumprido", afirma Mário Mantovani, coordenador de políticas públicas da ONG.
Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da USP, destaca que o setor de recuperação de áreas é altamente gerador de empregos. Pedro Castro, diretor executivo da ONG Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, salienta as vantagens econômicas de investir em espécies nativas, mais rentável que outras atividades agrícolas.
Bastava que a lei fosse cumprida para que o Paraná tivesse 25% do território coberto por matas e campos naturais. Não se trata de uma regra recente, imposta pelo novo Código Florestal, aprovado em 2012. Na verdade, desde 1934, toda propriedade rural precisa manter preservado um a cada cinco hectares. É a chamada reserva legal. A esse item obrigatório soma-se a exigência da conservação das Áreas de Proteção Permanentes (APPs), como margens de rios, das regiões de fronteira e das terras públicas.
Mas nem é necessário analisar imagens de satélite para saber que o estado não tem mais a quantidade de vegetação nativa que a legislação determina. Restaram apenas algumas manchas verdes, isoladas e pouco conservadas. As estatísticas não são precisas. As estimativas mais otimistas apontam que em cinco anos depois de concluído e analisado o Cadastro Ambiental Rural (CAR) será possível saber exatamente o que sobrou de cobertura natural em cada uma das propriedades do Paraná.
Mesmo ainda sem dados atualizados é possível cravar que, com os prazos e controles fixados pelo novo Código Florestal, será necessário plantar espécies nativas para recompor as áreas de APPs e reserva legal em até 20 anos. Junto com as novas manchas verdes, nasce um novo mercado. E um grupo de pessoas está se organizando para atender a demanda por mudas e tecnologia. O momento, contudo, é de expectativa. Enquanto o governo federal não liberar as regras de como deve funcionar a recuperação de áreas, muitos investimentos estão represados.
A verdade é que a legislação escancarou a possibilidade de se ganhar dinheiro manejando a área de reserva legal. Além das opções de corte de madeira, são potenciais fontes de renda também a associação com a criação de abelhas, o cultivo de ornamentais e ervas medicinais, as árvores frutíferas e outras plantas comestíveis, e o turismo rural, por exemplo. Mesmo o plantio de espécies exóticas de reflorestamento, como pinus e eucalipto, é permitido, em algumas situações e desde que não ultrapasse a metade da área. Vários cálculos feitos por pesquisadores indicam que, no momento, o manejo da reserva legal é mais rentável que outras atividades, como a pecuária.
O manejo na reserva legal é incentivado por alguns ambientalistas que acreditam que, sem opções econômicas, a mata não será preservada. Mas também há outros que defendem que resta tão pouco em condições aceitáveis de equilíbrio ecológico que é imperativo que seja conservado com o mínimo de interferência, para o bem da qualidade de vida da humanidade.
No tripé do desenvolvimento sustentável, que considera os aspectos econômicos, ambientais e sociais, o manejo de espécies nativas gera empregos em localidades distantes de grandes centros e com baixa oferta de trabalho.
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