Mércia Nakashima pode ter sido agredida por um soco ou alguma barra de ferro antes de levar o tiro que acertou seu queixo de raspão, informa o Ministério Público de Guarulhos, na Grande São Paulo. De acordo com o promotor Rodrigo Merli Antunes, o que o leva a suspeitar disso é o fato de que o maxilar da advogada estava deslocado quando o corpo dela foi encontrado em 11 de junho numa represa em Nazaré Paulista, no interior do estado. A mulher estava desaparecida desde 23 de maio.
O laudo sobre a causa da morte da vítima ainda não foi concluído pelo Instituto Médico Legal (IML), mas, apesar disso, médicos legistas e peritos do Instituto de Criminalística (IC) acham que o disparo não a matou. Trabalham com a probabilidade de ela ter desmaiado após o tiro, e depois morrido afogada. Quem atirou estaria ao lado da motorista, no banco do carona. Depois, fugiu. Segundo seus familiares, ela não sabia nadar. O ex-namorado de Mércia, o advogado e policial militar aposentado Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, é considerado o principal suspeito do crime pela Polícia Civil.
"O maxilar dela estava deslocado. Não sou perito, mas acho que um tiro de raspão não faria aquilo", disse na quinta-feira (1º) ao G1 o promotor Rodrigo Antunes, que viu as fotos da vítima feitas pelos peritos da Polícia Técnico-Científica. "Ela pode ter levado um soco ou ter sido atingida por algum instrumento contundente".
Prazo do inquérito
Ainda, segundo o promotor Antunes, todos os laudos técnicos sobre o caso Mércia deverão ficar prontos até 11 de julho, quando vence o prazo oficial para a conclusão do inquérito policial que apura as responsabilidades pelo assassinato da advogada. "Ela foi morta. Está descartado suicídio", afirmou.
Apesar de estar convicto de que o crime é de homicídio, Antunes comentou que existe a possibilidade de o IML não conseguir determinar o que matou Mércia. "Talvez dê causa indeterminada", disse o promotor.
Mas se isso vir a ocorrer, ele informa que a investigação policial e o acompanhamento da Promotoria não ficarão prejudicados. "Foi uma morte violenta: temos fratura no maxilar, vestígios metálicos, encontro de projétil de bala, e testemunha que viu carro ser ocultado. Sabemos que ela foi assassinada. O mais importante agora é saber o resultado dos laudos periciais para apontar quem a matou", disse Antunes.
Novo depoimento de Mizael
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso, pretende intimar Mizael para depor novamente, seria a quinta vez, após a conclusão dos laudos periciais. Faltam também os exames do IC no veículo de Mércia, que podem trazer pistas de quem a matou.
Além do ex-namorado da vítima, mais duas pessoas são apontadas como suspeitas de envolvimento na morte da advogada de 28 anos: um dos irmãos de Mizael e o vigilante Evandro Bezerra Silva, de 38 anos, que teve a prisão decretada pela Justiça por faltar a um depoimento. Foragido, este último é procurado pela polícia.
Segundo a investigação, o rastreador do carro de Mizael mostrou que ele estava perto dos locais onde Mércia foi vista pela última vez (na casa dos avós em Guarulhos) em 23 de maio e dias antes passou pelo local onde a advogada foi encontrada morta (represa em Nazaré Paulista).
O corpo de Mércia só foi encontrado após uma denúncia feita por um pescador. Ele afirmou à polícia ter visto um carro afundar na represa em Nazaré Paulista no dia 23 de maio. Também contou ter escutado gritos de mulher e ter visto um homem não identificado sair do veículo. Em 10 de junho, o Honda Fit prata da advogada foi achado submerso no local. No dia seguinte, acharam o corpo de Mércia.
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