Uma mulher de cerca de 40 anos – com identidade não informada – se apresentou à Delegacia de Homicídios (DH) de Curitiba, na segunda-feira (16), como autora dos disparos que mataram Luiz Cleverson de Andrade, de 28 anos, na quinta-feira (12), no bairro Umbará, na capital. A vítima participava de uma manifestação na Rua Nicola Pellanda, promovida por moradores para reivindicar redutores de velocidade na via.

CARREGANDO :)

Segundo a delegada titular da DH, Vanessa Alice, a mulher é uma microempresária de Curitiba, se apresentou espontaneamente e confessou ter atirado contra Andrade. Entretanto, a mulher ressaltou que efetuou os disparos porque pensou que seria assaltada.

A acusada contou à polícia que, por volta das 23 horas, de quinta-feira passava pela Rua Nicolla Pellanda em seu carro, um Toyota Corolla, quando viu os entulhos colocados na via pelos manifestantes para bloquear a rua. De acordo com a mulher, quando parou o veículo, seis pessoas cercaram o carro, desferindo socos e chutes contra a lataria e os vidros. Assustada, a microempresária teria aberto o vidro da janela e disparado contra Andrade, que morreu no local.

Publicidade

"Naquela hora, havia poucas pessoas na manifestação. A mulher nos contou que os homens que cercaram o carro pareciam estar embriagados e que ela pensou se tratar de um assalto, então reagiu atirando", disse a delegada.

De acordo com Vanessa, a microempresária relatou que já foi assaltada uma vez e que, em outra ocasião, chegou a ser vítima de um sequestro relâmpago. Desde aquela data, a mulher teria passado a andar armada. O revólver calibre 38 usado no crime foi entregue à polícia e será submetido à perícia técnica. Segundo a delegada, havia cinco munições na arma, das quais duas estavam deflagradas.

O Corolla que a mulher dirigia no dia do crime também foi apreendido. O carro será periciado para constatar se os manifestantes chutaram a lataria, o que reforçaria a versão da acusada. Um homem que estava no banco do passageiro no instante da ocorrência será intimado pela DH a prestar depoimento. De acordo com a delegada, a mulher será indiciada por homicídio, mas responderá pelo crime em liberdade.

"Ela tinha porte de arma, não possuía antecedentes criminais e se apresentou espontaneamente, colaborando com as investigações. Portanto, não há motivos para que ela fique presa até o julgamento", apontou a delegada.

Testemunhas do crime chegaram a ser ouvidas pela delegacia e afirmaram que o autor do crime era um homem de barba branca. "Estávamos procurando por uma pessoa do sexo masculino, mas com a apresentação da microempresária o caso teve uma reviravolta. A mulher apresentou detalhes que comprovam que foi ela mesma quem atirou", avaliou Vanessa.

Publicidade

Atropelamentos na Nicola Pellanda

No dia 12, três pessoas foram atropeladas na Rua Nicola Pellanda. O primeiro caso aconteceu no período da manhã, quando o garoto Eduardo Padilha Ramos, de 11 anos, foi atropelado por um caminhão. O motorista foi agredido por moradores, precisou ser hospitalizado com ferimentos leves e foi liberado em seguida.

O menino foi socorrido e ainda está internado em estado grave no Hospital do Trabalhador. De acordo com a assessoria de imprensa, ele permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas, nesta terça-feira (17), passou a respirar sem a ajuda de aparelhos.

Após o atropelamento da criança, moradores decidiram bloquear a rua para reivindicar a instalação de um semáforo e de redutores de velocidade. No fim da tarde, no entanto, quando o protesto já tinha sido finalizado, Maria do Rosário Melo, de 56 anos, e a neta, de 7 anos, também foram atropeladas. A mulher morreu no local e a criança foi hospitalizada e recebeu alta na sexta-feira (13).

Após o segundo acidente, moradores voltaram a bloquear a rua. Neste segundo protesto, Cléverson de Andrade, que é tio do garoto que havia sido atropelado pela manhã, foi assassinado.

Publicidade

Mais protestos

Novos protestos devem acontecer no bairro ainda nesta semana, caso nenhuma medida prática seja adota na via. Segundo a presidente da Associação de Moradores do Umbará, Amélia Rodrigues, até a tarde desta terça-feira (17), a prefeitura não havia dado retorno aos moradores sobre a implantação dos redutores de velocidade.

Na sexta-feira, a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) informou que Rua Nicola Pelanda tem oito lombadas físicas instaladas e que há previsão de que mais duas sejam instaladas. Próximo ao local dos atropelamentos, no cruzamento com a Rua Miguel Ângelo Pelanda, há o projeto de implantação de mais um redutor de velocidade. Apesar disso, não há data definida para que as mudanças saiam do papel.

Confira no mapa o local onde aconteceram as manifestações no bairro Umbará.

Publicidade