O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acha que a regularização fundiária na Amazônia deve ter urgência e deve contemplar grandes, médios e pequenos proprietários. Ele fez a observação ao tomar conhecimento de que o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) fez um plano que prevê a doação de terras de até 400 hectares da Amazônia aos 283 641 posseiros que as ocupam, numa área superior a duas vezes o tamanho do Estado de Pernambuco.
O plano, que foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início do mês, trata apenas da regularização dos chamados pequenos, que são da alçada do MDA. "Acho que é preciso acelerar a regularização de grandes, médios e pequenos proprietários", disse Minc. Mesmo assim, ele considera que a tentativa de regularizar a situação dos posseiros é válida, porque acabará ajudando no combate ao desmatamento. "Quando você não sabe quem é o dono da terra, vai cobrar de quem pelo desmatamento? Acho que regularizar a situação dos pequenos ajudará a conter a derrubada, desde que as áreas não sejam localizadas em reservas", afirmou. De acordo com o documento do MDA, os posseiros não estão em reservas.
Desde que foi posto na gerência do Plano Amazônia Sustentável (PAS), o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, considerou a regularização fundiária prioridade para resolver os problemas do desmatamento da Amazônia. Ele propôs ao presidente Lula e aos colegas dos ministérios do Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário a criação de uma força-tarefa que examine a situação fundiária de todos na Amazônia. Chegou mesmo a considerar a possibilidade de mudanças no Código Civil, de forma a acelerar a regularização das terras.
Tanto o ministro de Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, quanto Mangabeira Unger consideram que hoje todos os que foram para a Amazônia - muitos durante o governo militar, em plano de ocupação da área que obrigava o candidato a uma posse a desmatar o terreno para comprovar que era, de fato, seu - vivem uma situação de instabilidade jurídica. Daí, a necessidade de fazer a regularização, ao mesmo tempo em que serão definidos os projetos de zoneamento ecológico-econômico dos Estados.
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