A promotora de Habitação e Urbanismo do Ministério Público de São Paulo, Mabel Tucunduva, disse nesta segunda-feira (19) que vai pedir à Prefeitura a reavaliação de todos os acordos firmados com a Igreja Renascer desde 1998 sobre as condições estruturais dos templos na cidade. No domingo (18), o teto de um dos prédios da igreja caiu, matando nove pessoas e deixando mais de cem feridas, na Zona Sul. "Nossa preocupação agora é preventiva. Vamos apurar o que houve com essas obras. Quem são esses engenheiros, que material usaram. Tudo isso vai ser revisto", contou Mabel. Segundo ela, em 1998, o MP acertou com representantes de diversas igrejas, entre elas, a Renascer e a católica, que eles deveriam apresentar atestados de seguranças de suas edificações.
Como o acidente ocorreu com a Renascer, o foco recairá sobre ela. "Em relação à Renascer, por certo, tem que haver uma averiguação", afirmou Mabel, em coletiva de imprensa no Centro de São Paulo. Ela explicou que o templo da Avenida Lins de Vasconcelos, no Cambuci, onde houve o desabamento, estava com o alvará de funcionamento em dia. A revalidação foi conseguida em julho de 2008.
Os problemas começaram dez anos antes. "O teto, o telhado e o forro apresentaram vários problemas. Pedimos a interdição do local em 1999". De acordo com ela, o caso "era tão sério", que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) havia recomendado a troca de todas as "tesouras" (parte da estrutura que segura o teto). O laudo do IPT saiu, segundo ela, em dezembro do mesmo ano, dizendo que as reformas haviam sido feitas. Em 2000, o templo conseguiu o alvará de funcionamento.
Mabel não soube dizer quando houve problemas entre 2000 e 2008 com o alvará de funcionamento, que expiram a cada dois anos, mas admitiu que a igreja "ficou um bom tempo sem licença". Ela disse ter sido surpreendida com a tragédia. "Eu fiquei surpresa porque tenho três laudos dizendo que o telhado apresentava segurança e o IPT dizendo que as obras tinham sido feitas", disse ela, sem, no entanto, detalhar de quando são esses documentos apresentados pela igreja. "É um telhado de dez anos e que não poderia ter ruído".
Ao lado de Mabel, estava o promotor criminal Ricardo Andreucci, que também vai entrar no caso. Segundo ele, é preciso saber o que provocou o acidente para se pensar em punições. Mas ele adiantou que os crimes podem ser de homicídio doloso, de lesão corporal dolosa, de periclitação da vida (colocar a vida de pessoas em risco) e de desabamento. "Temos de responsabilizar não o órgão, mas pessoas".
Ele não descartou que, sendo assim, Estevam Hernandes e a bispa Sônia, fundadores da Renascer, possam ser responsabilizados. "Quem tiver de ser responsabilizado penalmente vai ser".
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