Investigações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São José dos Campos, de Presidente Prudente e de São Paulo revelaram que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que age dentro dos presídios de São Paulo, mantinha contatos com o Congresso Nacional por meio de uma organização-não governamental (ONG) para interferir na CPI do Sistema Carcerário.

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De acordo com a denúncia do Ministério Público, a facção mantinha contatos com uma pessoa ligada a essa ONG e em determinado momento pagou R$ 2 mil para que um homem chamado de Dr. João fosse a Brasília para participar de uma audiência. O nome da ONG não aparece nos autos da ação.

Segundo o MP, Marlon José de Souza Rosa, conhecido como Melke ou MR, e Orlando Motta Junior, conhecido por Macarrão ou Kalakalu, controlavam p Sintonia das Gravatas, braço jurídico do PCC que arrecadava por mês R$ 250 mil usados para pagar os advogados. O responsável por esse braço jurídico era Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola , líder do Primeiro Comando da Capital (PCC).

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Ainda de acordo com a denúncia, o grupo se dispôs a pagar as despesas de uma determinada Cida que iria a Brasília para assegurar que ela defenderia os interesses do PCC no Congresso Nacional.

No dia 20 de abril de 2008, o denunciado Marlon Rosa fez contato com uma certa Cida, membro de uma associação ligada ao sistema prisional paulista, que havia sido convidada para ir Câmara dos Deputados, em Brasília, para discutir questões sobre o sistema prisional. No dia seguinte, Marlon e Orlando conversaram sobre o assunto e reiteraram o interesse do PCC em pagar as despesas de viagem de Cida, pois ela defenderia teses simpáticas organização criminosa perante o Congressol, diz o documento do Ministério Público.

Além disso, foi apurado que a facção mantinha um esquema no qual advogados eram contratados para cuidar exclusivamente da defesa dos membros do PCC nos processos judiciais. No último final de semana, na semana passada e no dia 25 de julho, 11 pessoas ligadas ao PCC, entre os quais quatro advogados, foram presas em operações do Gaeco.

Os presos foram denunciados Justiça pelo Ministério Público de São José dos Campos. Por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, o Ministério Público descobriu ligações feitas de dentro dos presídio de Presidente Venceslau.

Por conta disso foram presas as advogadas Alessandra Moller, que coordenava a equipe de defensorea do PCC na cidade de São Paulo, e Patrícia Galindo de Godoy, que cuidava dos interesses do grupo no interior do estado. Com Patrícia foram apreendidos R$ 35 mil em dinheiro, sete aparelhos celulares, documentos e planilhas de contabilidade. Com Alessandra, foram encontrados documentos, R$ 2.850 em dinheiro, computadores, um notebook, agenda, quatro aparelhos de celular, planilhas eletrônicas de contabilidade e relatórios mensais de advogados contratados pelo PCC.

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Já o advogado Júlio Cesar da Silva, de São José dos Campos, também preso na operação, negociava a entrada de celulares no presídio e é acusado de usar dinheiro do tráfico para subornar policiais durante a prisão de traficantes ligados a Macarrão. O advogado José Luiz Correia Menezes. Nas investigações, Menezes aparece negociando propina com policiais da Capital para aliviar a situação de traficantes da quadrilha de Macarrão, presos em flagrante.

O Gaeco prendeu ainda Jamilson de Andrade Fernandes, que havia se mudado recentemente para São José dos Campos, onde preparava a abertura de um ponto de venda de drogas no Parque Interlagos. Jamilson é apontado como o gerente dos pontos de droga comandados por Macarrão de dentro do presídio, em São José dos Campos e na Cidade Dutra, na capital. Com ele foram apreendidos R$ 7 mil em dinheiro e nove aparelhos de celular.

Além dele foi presa sua sogra, Maria Inês da Silva, que cuidava da contabilidade do tráfico e ajudava na logística da distribuição das drogas. Também em São José dos Campos foi presa a esposa de Macarrão, Maria Jucinéia da Silva. Irmã de Maria Inês, ela é acusada de lavagem de dinheiro da quadrilha. Ela tinha R$ 12.400 em dinheiro, seis aparelhos celulares e um computador.

Na Cidade Dutra, em São Paulo, foi presa Sirlene Costa Aguilar, a Melana, moradora da favela e responsável pela venda de drogas na região a mando de Orlando Motta Junior. A irmã dela, Soraya Medina de Aguilar, a Marli, também foi denunciada. Ela havia sido presa em abril, no Vale do Paraíba, quando transportava cocaína a mando de Orlando Mota Junior.

Todos os 11 acusados foram denunciados por formação de quadrilha e alguns deles por associação para o tráfico e lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

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