São Paulo A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez ontem uma defesa veemente da mudança de legislação para descriminar totalmente a interrupção da gravidez no país. "É um absurdo que não haja a descriminalização do aborto no Brasil, pois essa não é uma questão de foro íntimo, mas sim de saúde pública, e precisa ser regulamentada", frisou, durante a sabatina do jornal Folha de S.Paulo. Ela foi muito aplaudida pela platéia que assistia ao evento.
Questionada se acreditava ou não em Deus, Dilma falou que teve formação em colégio de freiras, mas que depois ficou descrente por um tempo. "Será que há ou não há (Deus)? Eu me equilibro nessa questão", declarou.
A sabatina também foi palco de um reencontro após 36 anos. Quando a sessão foi aberta para questões da platéia, a psicóloga Lúcia Salvia Coelho, 70 anos, fez a seguinte pergunta à ministra: "Em agosto de 1971, eu estava presa no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) com mais 11 companheiras. O convívio com elas me marcou profundamente, de modo positivo. Entre elas, havia uma menina chamada Dilma. Será que é você? Gostaria muito de reencontrar essas amigas antes de morrer. Por isso procuro cada uma delas. Por favor, responda-me".
Dilma Rousseff parou por um momento, desconcertada. Pensou e disse: "Não tinha outra Dilma em SP. Era eu, sim. Vamos conversar depois".
Após a sabatina, conversaram um pouco. Logo Dilma saiu e Lucia. Dizia se sentir aliviada com o reencontro. Ela foi presa pelo regime militar por pertencer a uma organização clandestina de esquerda cujo nome diz não recordar e fazer jornais de oposição.
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