Maycon Nava, dono de uma agência de viagens, não sabia o que o aguardava quando alugou um sobrado na Rua Lamenha Lins, quase na esquina com a Brasílio Itiberê.
O imóvel onde ele trabalha e recebe clientes, no térreo, e também habita, no pavimento superior é vizinho a um terreno cortado pelo rio Água Verde.
"Eu e meu sócio estávamos procurando um local nesse bairro. O imóvel estava em boas condições, com excelente preço; o ponto é muito bom, o bairro também; o problema é que ganhei junto esse ´brinde´ que é a água suja aqui ao lado", comenta Nava, que sabia da existência do rio, mas não dos problemas que a vizinhança com ele acarretam.
De acordo com o agente de viagens, em dias de chuva forte a água chega a subir até dez centímetros dentro da casa, no térreo. "Com tanto rato, esgoto e lixo na água, imagine as doenças vêm junto e que podem se proliferar", diz.
Visita indesejável
O mau cheiro é "visita" indesejável e constante. "É muito chato quando recebemos clientes e as pessoas comentam. Impossível não sentir o fedor".
Maycon Nava diz que ao longo desses doze meses em que vive e trabalha no local, já pediu diversas vezes que a prefeitura fosse fazer limpeza, cortar o mato e podar árvores, além de requisitar alguma ação para a proliferação dos ratos. "Nunca fizeram nada", lamenta.
Outras histórias
Vários outros moradores do bairro, ou pessoas que trabalham na região próxima ao rio, participaram do fórum da Gazeta do Povo Online relatando os problemas vividos por eles, reclamando da ausência do poder público e apontando possíveis soluções.
Luciane Flores Queiroz diz que mora na Rua Lamenha Lins há 2 anos, em um prédio ao lado do rio. "Em dias de calor é insuportável o cheiro", conta.
De acordo com ela, "Cabe ao poder público sanar este problema, pois trata-se de uma questão sanitária". Luciane sugere "uma auditoria na área para verificar quem polui o rio Água Verde, quais propriedades que despejam os seus esgotos domésticos a ceu aberto, e as autoridades ambientais deveriam punir com o rigor da lei quem comete este crime".
Recuperação de rios
O internauta Daniel lembra que "em países da Europa existem grandes programas de recuperação de rios poluidos. Lá já existe a consciência da importância ecológica e social de se cuidar dos rios". Para ele, "com esforço politíco podemos recuperar estes rios", pois o problema está nas "ligações ilegais de esgotos que estão sendo despejado diretamente nos rios", além da falta de mata ciliar.
"Este procedimento inclusive sairia mais barato do que canalizar os rios, o que esconde o problema e estraga as belezas naturais de nossa cidade", opina. Fiscalização
O leitor Jean Michel Bescherelle Mauger conta que fica "revoltado com o comportamento da própria prefeitura, pois no fundo de vale ela distribuiu alvarás a torto e direito para construção de prédios próximos da nascente, autorizou o fechamento e aterramento em muitos lugares". Ele, que também mora perto do rio, pergunta onde está a fiscalização.
Tania Karasinski, que é síndica de um edifício residencial na Rua Nunes Machado, conta que a garagem do prédio sofre inundações constantes, e que já "cansou de reclamar na prefeitura". Para ela, é "uma vergonha a Capital Ecológica ter tantos ratos assim na rua".
Gato morto
Já a internauta Ana Paula Bittencourt observa que "a situação realmente é calamitosa, o cheiro é insuportável, principalmente nos dias de calor. É jogado de tudo um pouco nesse rio". Ela conta que há alguns dias encontrou o corpo de um gato boiando no Água Verde.
E a internauta Luciane chama atenção para o problema de um rio poluído e aberto não estar apenas no Rebouças, mas também na Avenida Presidente Arthur Bernardes, com "os mesmos transtornos: cheiro insuportável em dias de calor, ratazanas imensas e baratas".
Ela sugere: "A prefeitura deveria lançar uma campanha pública, advertindo as pessoas de não jogarem lixos nessas margens e sanear rios e riachos. É possível, basta ter iniciativa. Os moradores dessas regiões seriam os primeiros a apoiar. É uma ação de visibilidade. Estamos de olho para o que surge - a eleição para prefeitos e vereadores já é em 2008". Comerciante estabelecido no Rebouças, Luís Lara diz que se sente constrangido com os clientes, pelo mau cheiro que "exala do que foi um dia o rio Água Verde". Ele conta que já solicitou "inúmeras vezes, e já durante alguns anos, providências junto aos órgãos responsáveis mas jamais fomos atendidos".
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