Atualizado em 19/07/06 às 16h55
Morando há mais de 40 anos em Catanduvas, região Oeste do Paraná, cidade com cerca de 12 mil habitantes, a aposentada gaúcha Geni Maria Spepankivtz, 74 anos, dormia tranqüila, na madrugada desta quarta-feira (19), quando o traficante Fernandinho Beira-Mar chegava à penitenciária federal de segurança máxima instalada no município.
Como sempre costuma fazer, Geni acordou cedo e foi fazer os pequenos serviços de casa - alheia a notícia que movimentou a imprensa de todo o país: a transferência do primeiro preso para Catanduvas.
"Eu é que não vou mudar a minha vida com a chegada deles (presos). Para mim nada muda", diz Geni deixando claro que não vê perigo na chegada do traficante. "Tem gente na cidade que está com medo, mas eu não", completa em meio a risadas.
A chegada de Beira-Mar não alterou a rotina dos moradores da cidade. Muitos só ficaram sabendo por meio da imprensa. "Ele chegou? Quando? É mesmo é?", perguntou Geni quando foi informada pela reportagem da chegada do traficante.
No salão de beleza da cabeleireira Roseli Soares, 39 anos, a chegada do traficante na cidade foi o assunto do dia. "É, dizem que chegou esse tal de Fernandinho, mas ninguém viu nada, ninguém sabe de nada, só se fala...", resumiu. "A rotina não mudou, mas a tranqüilidade acabou", completa.
Nascida em Pato Branco, região Sudoeste, casada e mãe de dois filhos, de 21 e 15 anos, Roseli mora a dois quilômetros da penitenciária e confessa ter medo que comparsas de Beira-Mar executem algum plano para retirá-lo da prisão. "A gente sabe que tem segurança máxima, mas nunca se sabe né?", desconfia.
A aposentada, assim como Roseli, prefere ver o lado bom da instalação da penitenciária e espera que a cidade cresça. "O que estamos vendo por enquanto são os agentes da PF chegando na cidade, mas nada mudou ainda na rotina da cidade", disse Geni. Já Roseli, espera que o movimento no salão aumente. "Ainda está tudo normal, mas se vier mais gente no salão é melhor para mim", contou.
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