Atualizado em 19/07/06 às 20h03
O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi transferido na madrugada desta quarta-feira (19) de Brasília para a Penitenciária Federal de segurança máxima de Catanduvas, na região Oeste do Paraná. O traficante está preso, segundo o Ministério da Justiça, numa cela comum individual (saiba mais detalhes do que é cela comum e de como será o esquema de segurança dentro da penitenciária).
No avião cargueiro da Polícia Federal vieram seis agentes e um delegado acompanhando Beira-Mar, que chegou à 1h35 no Aeroporto de Cascavel. De lá, o traficante foi escoltado por quatro carros descaracterizados da PF, chegando em Catanduvas por volta de 3 horas.
O traficante estava preso na sede da Polícia Federal de Brasília desde 23 de março de 2006. O pedido de transferência, feito pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), foi autorizado por um juíz da 1.ª Vara Criminal de Curitiba, cujo o nome não está sendo divulgado por questões de segurança.
O pedido de transferência chegou à 1º Vara na tarde de terça-feira, foi julgado, em caráter de urgência, e autorizado por volta de 18 horas. Determinada a remoção, o Ministério da Justiça e o Depen foram informados, iniciando a operação secreta do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal - reponsável pela transferência de Beira-Mar.
Justiça ainda não recebeu nenhum outro pedido de transferência para Catanduvas
Este foi o primeiro pedido de transferência julgado pela Justiça Federal do Paraná. Até o fim da tarde de quarta-feira nenhum outro pedido havia chegado, apesar da especulação de que haveria uma lista de transferência de possíveis criminosos, entre eles: o ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro (o Comendador), Marcos Camacho (Marcola), David Stockel Ulhoa Maluf (Macgaiver), Orlando Mota Júnior (Macarrão), Claudio R. Carvalho (Paloco), Anderson de Jesus Parro (Moringa), Marcelo Moreira Prado (Exu), Eduardo Lapa dos Santos (Lapa), Rogério Jeremias de Simone (Gegê do Mangue), Luiz Henrique Fernandes (LH), Júlio Cesar Guedes de Moraes (Julinho Carambola), Alexandre Francisco Sandorf (X) e Valdeci Alves dos Santos (Colorido).
O Ministério da Justiça informou nesta quarta-feira que cinco estados solicitaram vagas na penitenciária de Catanduvas. A informação foi negada pela 1.ª Vara Criminal de Curitiba.
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo declarou que não há "nenhuma confirmação oficial que trate de transferência ou número de vagas disponíveis na penitenciária deCatanduvas". Na semana passada, grande parte da imprensa nacional ventilava a possibilidade do estado paulista solicitar o maior número de vagas na penitenciária federal do Paraná. Quem é Fernandinho Beira-Mar
Fernandinho Beira-Mar começou no crime ainda menino. Aos 20 anos, trabalhava para traficantes como "vapor" na Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde nasceu. Mais tarde, passou a controlar a favela e, em pouco tempo, se transformou num dos maiores vendedores de drogas no atacado do Brasil.
A notoriedade do bandido, já então considerado o inimigo público número 1 da polícia do estado do Rio de Janeiro, aumentou quando investigações da CPI do Narcotráfico confirmaram sua importância para o esquema de venda de drogas no país alcançando a cifra de R$ 16,5 milhões entre os anos de 1995 e 1998.
Beira-Mar ainda é acusado de envolvimento com Revolucionárias da Colômbia (Farc), aos quais venderia armas em troca de cocaína, e de ter negociado com os mesmos fornecedores da Al-Qaeda, organização de Bin Laden - o terrorista mais procurado do mundo. O traficante teria negociado, de dentro da penitenciária Bangu I, a compra de um míssil Stinger, capaz de derrubar aviões e helicópteros. Saiba mais detalhes sobre quem é Ferandinho Beira-Mar
Segurança máxima no Paraná
Com a inauguração da Penitenciária Federal de Catanduvas, o primeiro presídio de segurança máxima do país, a cidade deverá se tornar o endereço dos criminosos mais perigosos do país. A unidade faz parte de um pacote bancado pela União. São cinco prisões três delas começam a funcionar este ano, no Paraná, em Campo Grande (MS) e Mossoró (RN). Mais duas devem começar a ser construídas em Porto Velho (RO) e no estado do Espírito Santo. Cada uma custa entre R$ 18 milhões e R$ 22 milhões.
A maioria das 208 celas tem 7 metros quadrados (uma média de 2,33m por 3m), com cama, mesa, banco e prateleira, tudo feito de concreto; um banheiro nos fundos (com pia e vaso sanitário também concretados) separado por uma parede. O local não tem tomada de energia elétrica. Conheça a estrutura da penitenciária de Catanduvas
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