O Belvedere da Praça João Cândido
A edificação, construída em 1915 para ser o mirante de Curitiba (estava no ponto mais alto da parte urbanizada da cidade), já serviu como sede de diversas outras atividades. Ela é considerada patrimônio histórico e tombada em âmbito estadual. Confira o que já funcionou ali:
1915 Mirante1922 Sede da emissora de rádio do Paraná chamada PRB-21931 Observatório Astronô¬mico, da antiga Faculdade de Engenharia do Paraná1962 Sede da União Cívica Feminina Paranaense2008 Após reforma, ganhou novas cores. Foi usado como posto da Polícia Militar, mas logo foi fechado2012 Foi transformado no primeiro Centro Estadual de Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (Centro Pop Rua), que foi transferido para o Alto da Glória, dois anos depois.
Pichação não perdoa nem obras de arte
Limpeza de monumentos públicos custa caro e é difícil porque exige cuidados especiais
Quase dois meses depois que o governo do Paraná formalizou a intenção de ceder o Belvedere da Praça João Cândido para sede da Academia Paranaense de Letras (APL), o prédio está abandonado. Tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná em 1966, o local, que fica no bairro São Francisco, em Curitiba, é ocupado com frequência por moradores de rua e usuários de drogas. A praça, em geral, também é alvo de vandalismo, o que preocupa e afasta moradores da região.
A pintura azul e branca do imóvel a cada dia dá lugar a uma nova pichação. As vidraças das janelas pouco a pouco foram quebradas e já estão, em sua maioria, espalhadas pelo chão do imóvel, que é referência na praça e um primor da Belle Époque na capital. As portas foram arrombadas e o interior está tomado por um forte odor de urina e fezes.
Veja fotos do abandono do Belvedere
O chão está tomado por lixo e roupas deixadas por moradores de rua e usuários de drogas. Em algumas partes dos cômodos estão vestígios de entulho queimado. Partes do piso de madeira foram arrancadas por vândalos. Alguns equipamentos de ar-condicionado, segundo frequentadores da praça, foram levados do local pelas pessoas que passaram a ocupar o espaço.
Reclamações
Quem trabalha perto da praça ou frequenta a região reclama do abandono, que não é recente. Paulo Henrique de Lima, 20 anos, proprietário de um estacionamento em frente à praça, diz que a presença de vândalos no local é constante. "No fim de semana, e quando tem a feira no Largo da Ordem, tem muito mais noiados na praça, usando drogas", diz. O proprietário afirma que, na localidade, são comuns casos de assaltos.
Tiago Baltazar, 32 anos, pesquisador da UFPR, é morador da região e, em algumas oportunidades, passeia pela praça. Ele diz que o abandono gerou, aos poucos, a tomada do local por vândalos e usuários de drogas. "Isso não é de hoje. Já ouvi falar que iriam reformar a praça, mas acho que a solução é mais fácil: deveriam ocupar o imóvel e colocar câmeras de vigilância para evitar vandalismo", diz.
A aposentada Iracema Corrêa, 50 anos, diz que a população local já tentou sugerir à Prefeitura de Curitiba formas de melhorar o entorno da praça, mas nada foi feito. "Não é só a casa abandonada. A praça está sem limpeza", reclama a aposentada. No local, há bastante lixo e sinais de fogueira feita por alguns frequentadores.
O abandono do imóvel dura, pelo menos, desde junho de 2014. Até então, durante quase dois anos funcionava no local o Centro Estadual de Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (Centro Pop Rua), criado para dar apoio à população que vive nas ruas da capital. A sede do centro, entretanto, foi transferida para o Alto da Glória.
Após contato, governo inicia limpeza do imóvel
Após contato da Gazeta do Povo, com o governo do Paraná, a Secretaria de Administração e Previdência (Seap) do estado iniciou nesta sexta-feira (28) uma limpeza no local. O objetivo é deixar o imóvel livre de entulhos, arrumar portas e janelas, recolocar fiação de energia elétrica e deixar o espaço livre para a Polícia Militar (PM) e a Guarda Municipal (GM) ocuparem. Ainda nesta tarde, deve ser instalado um sistema de alarme no local.
Segundo a assessoria de imprensa da Seap, após a limpeza, a ocupação do imóvel por parte das forças policiais deve ocorrer de imediato. O espaço será utilizado como uma espécie de módulo das duas corporações, o que evitará o uso da casa por usuários de drogas e moradores de rua.
Um Projeto de Lei tramita na Assembleia Legislativa para que o governo transfira de forma oficial a posse do Belvedere para a Academia Paranaense de Letras (APL). O projeto já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da casa e agora pode ir a votação em plenário. A reforma do espaço, segundo a Seap, deve ser feita pela APL quando a instituição assumir a responsabilidade pelo imóvel.
Conservação da praça
Sobre a conservação da Praça João Cândido, a Prefeitura de Curitiba informou que faz serviços periódicos de manutenção e roçada no espaço e que melhorou a iluminação do local para aumentar a segurança. O local, segundo a prefeitura, é monitorado por câmeras e a GM, em parceria com a PM, faz rondas constantes na região.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora