Ilhota - Cerca de 24 mil catarinenses atingidos pela chuva já voltaram para casa. Ontem, foi a vez de os moradores da área que mais registrou vítimas, o Morro do Baú, em Ilhota, começarem o retorno. Quinze dias depois dos deslizamentos de terra que mataram 37 pessoas na localidade, o acesso parcialmente liberado beneficiou apenas 12 famílias.
Geólogos continuam avaliando as áreas sob risco. A resposta que os moradores tanto de Ilhota quanto de outras cidades atingidas pela chuva aguardam é se poderão ou não voltar para casa. Em todo o estado, 6,2 mil pessoas estão em abrigos. Outras 27,2 mil estão em casas de parentes e amigos. No total, 33,4 mil estão fora de seus lares. Ontem o número de mortos chegou a 123.
A permissão para que algumas poucas pessoas voltassem para casa ontem deu uma ponta de esperança a todos os moradores do Baú. Marcos José Petry e Jair Bachamann, por exemplo, ainda não têm acesso à sua casa, mas voltaram a trabalhar ontem numa serraria do morro. "Para levar a vida é bom ter emprego. E por causa disso estamos limpando a serraria desde sexta-feira", afirmou Petry.
"Tenho seis funcionários. Estou tentando voltar a produzir e fazer o possível para ficar com eles", afirma o proprietário da serraria, Alcione José Richert, que aguarda o restabelecimento da energia e da água para poder retomar a produção. Os prejuízos estão sendo calculados. O dono de uma fábrica que produz caixa para bananas, Ereno Schmidt, estima um prejuízo de R$ 2 mil por ter ficado 15 dias parado. Já o empresário Luiz Fischer tem três empresas que ficaram fechadas. Por mês, elas arrecadam R$ 18 mil.
Cautela
A reabertura, no entanto, exige cautela. Geólogos avaliam as construções e escrevem na frente delas se a família pode voltar ou não. Se a casa recebe um "A" é sinal que os moradores podem voltar sem preocupação. Se os geólogos escrevem um "D", a construção está interditada. A casa de Veronita Pelz recebeu um "B". A moradora sabe que a qualquer sinal de chuva vai ter de sair.
Ontem, Veronita se surpreendeu ao ver os estragos que a chuva tinha feito. Um carro foi arrastado por metros até o bananal; postes tinham caído e muros foram destruídos pela chuva. Apesar das imagens e da lembrança de 18 pessoas terem ficado quase ilhadas na casa dela, Veronita não via a hora de voltar para casa. "Mas é claro que tenho medo", afirma.