Na última década, a mortalidade infantil caiu quase 30% no Brasil, de 33,2 para 23,3 óbitos antes do primeiro ano de vida para cada mil nascidos. A taxa também faz parte da Tábua de Mortalidade do IBGE. No entanto, ela continua elevada e está bem acima da de países vizinhos. Na América do Sul, quem apresenta o melhor resultado é o Chile, com 7,2 mortes para cada mil nascidos vivos. Na Argentina, a taxa fica em 13,4 e no Uruguai, em 13,1. O Brasil fica perto da Colômbia, com 19,1. Países desenvolvidos costumam apresentar taxas entre 2 e 4.
Na visão do médico e coordenador adjunto da Pastoral da Criança Nelson Arns Neumann, o principal motivo para essa disparidade é um velho conhecido: a desigualdade social. "Apesar de a maioria da população usar o sistema público de saúde, que entrega o mesmo tratamento independentemente da renda, a pobreza é um fator determinante porque vem acompanhada de baixas condições de saneamento básico e de pouca instrução da mãe", analisa.
Mesmo assim, foi possível combater as principais causas que levavam crianças com menos de um ano à morte há 20 anos, como diarreia, sarampo e pneumonia. O desafio atual, diz Neumann, são os problemas que atacam a criança na primeira semana de vida. "São problemas geralmente derivados de um parto prematuro, que poderiam ser evitados por um pré-natal adequado. Todos fazem a ecografia, mas poucos médicos se preocupam em pedir exame de sangue e de urina. E pensar que infecção urinária na gestante é a principal causa de parto prematuro", lamenta.
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