Bloqueios e filas continuam até o fim de semana
Os motoristas que precisam se deslocar entre o Paraná e Santa Catarina continuarão enfrentando bloqueios e trânsito lento até o fim de semana. A BR-376, principal ligação entre os dois estados, está bloqueada desde segunda-feira por um desmoronamento de terra. A previsão da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é que a pista seja liberada no sábado ou domingo.
Desmatamento é origem do caos
A falta de respeito pelo meio ambiente pode ter sido a principal causa da destruição em Santa Catarina. As chuvas não poderiam ser evitadas. Mas os deslizamentos, que têm sido os causadores das maiores tragédias da região nos últimos dias, esses sim não precisavam ter acontecido. A ausência de cobertura vegetal nos morros e na beira dos rios é que teria propiciado os desmoronamentos de terra.
Saga de estudantes termina bem
Os grupos de estudantes que estavam isolados na cidade de Gaspar, região de Blumenau, por causa das fortes chuvas em Santa Catarina, chegaram ontem a Curitiba. Cerca de 120 estudantes dos colégios Estadual do Paraná, Padre Silvestre Kandora e Robert Langer Júnior, todos de Curitiba, foram a um passeio no Parque Aquático Cascanéia no sábado com a intenção de retornar no mesmo dia. Entretanto, quedas de barreiras nas rodovias BR-470 e SC-470, que dão acesso a Gaspar, impediram o retorno dos três ônibus que levaram os estudantes.
Florianópolis - Em meio à tragédia que já provocou a morte de pelo menos 84 pessoas em Santa Catarina, moradores de cidades atingidas pelas fortes chuvas, por deslizamento de morros e inundações convivem agora com o medo e a insegurança. Casas abandonadas começaram a ser saqueadas. Vândalos ainda invadiram farmácias e supermercados, levando não só comida ou remédios, mas bebida alcoólica e caixas de cigarros. A falta de solidariedade também ajudou a agravar a situação em cidades onde há racionamento de alimentos. Donos de padarias estariam vendendo pão francês por R$ 3 a unidade. O preço do litro da gasolina chegou a R$ 4.
Os números da tragédia não param de crescer. A quantidade de mortos "deve aumentar muito", segundo avaliação do coordenador do SAT (Serviço Aerotático) no Estado, delegado Jonas Santana, que trabalha no resgate de moradores isolados. "Há muito mais mortos debaixo da terra", diz o delegado. Há mais de 54 mil pessoas que tiveram de deixar suas casas e cinco municípios em situação de calamidade pública.
O desespero é geral. Resgatados de helicópteros dos pontos mais isolados do estado, moradores gritam a jornalistas e pessoas que trabalham nos resgates em busca de notícias dos parentes. Não é possível saber ao certo o total de desaparecidos.
Saques
Em Itajaí, uma das cidades mais atingidas, pelo menos três supermercados e quatro farmácias foram saqueados. Alguns moradores disseram à polícia que utensílios domésticos foram levados por ladrões, e não pela enxurrada. O soldado do Corpo de Bombeiros Samuel Martins confirmou a ação dos criminosos.
"As pessoas saquearam o mercado, mas nem sempre levaram alimentos. Muitos aproveitadores acabam se misturando a quem realmente precisa", contou Martins, que trabalha no resgate das vítimas.
O secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, Ronaldo Benedet, determinou que fosse intensificado o policiamento civil e militar nas áreas afetadas.
Enquanto as equipes de resgate mantêm as buscas em todo o estado, moradores vivem o drama de perder familiares e tudo o que tinham em casa. Renan Lescowicz, de 19 anos, deixou ontem o hospital onde estava internado desde a madrugada de segunda-feira para acompanhar o velório do pai, da mãe, do irmão e de seis vizinhos. Todos foram soterrados quando parte de um morro deslizou sobre sua casa e de outros moradores da Rua Angelo Rubini, em Jaraguá do Sul, Norte do estado.
Os corpos de Silvio e Mônica, os pais de Renan, e de Natan, o irmão de 11 anos, foram encontrados por equipes de resgate depois de horas de buscas, na noite de ontem.
"É muito difícil aceitar a perda de uma família assim" disse uma das vizinhas, Marlene Oderingie, durante o velório dos Lescowicz.
Bastante ferido e andando com dificuldades, Renan acompanhou o sepultamento em estado de choque, com uma enfermeira, voltando logo em seguida para o hospital. Quando tiver alta, terá de morar com parentes, já que sua casa foi totalmente destruída.
O estudante Franklin Sell, vizinho dos imóveis atingidos em Jaraguá do Sul, lembra do desespero em sua casa para que ninguém fosse soterrado. "Ouvi um barulho e, quando fui à sacada de casa, vi que estava tudo arrasado. Acordei todo mundo e saímos correndo para a rua, antes que fôssemos atingidos", diz.
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