Motoristas e cobradores do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana afirmam não ter recebido o pagamento do adiantamento de 40% do salário, geralmente depositado todo dia 20. De acordo com o Sindimoc, representante dos trabalhadores, todas as nove empresas do transporte urbano, ou seja, vinculadas à Urbs, atrasaram ou pagaram apenas uma parcela do vale.
Explicações
O Setransp se manifestou por meio de nota em que nega não ter honrado o compromisso com os trabalhadores deliberadamente. A justificativa para o atraso dos depósitos seria a indefinição da nova tarifa técnica, o que teria resultado em uma defasagem entre as receitas e despesas das empresas com custos de pessoal, benefícios, encargos, insumos e manutenção do sistema.
Já a Urbs informou que, desde o fim de fevereiro, já repassou mais de R$ 17 milhões para as concessionárias a título de adiantamento, para cobrir a diferença na folha de pagamento enquanto a nova tarifa técnica não é definida. O montante, no entanto, foi destinado ao pagamento de custos mais urgentes do sistema, segundo o Setransp.
“As empresas tiveram dificuldades para administrar o fluxo de caixa e realizar o pagamento dos insumos básicos. Portanto, todo recurso recebido é utilizado para honrar compromissos emergenciais, sob risco de paralisação do sistema, até mesmo por falta de combustível”, dizia a nota.
Os adiantamentos feitos pela Urbs foram acordados mediante a assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público do Paraná em maio e junho. Não há um TAC para julho.
O sindicato informou, ainda, já ter acionado a Justiça do Trabalho. A entidade pede uma liminar para que os pagamentos sejam realizados ainda nessa terça-feira (21), sob pena de multa de R$ 1 milhão por dia de atraso. O valor da multa foi determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR) no último acordo entre os sindicatos patronal e de trabalhadores mediado pela Justiça. Os trabalhadores ainda solicitam danos morais coletivos pelo atraso.
Por enquanto, o Sindimoc não sinalizou indicativo de greve. A entidade pretende esperar decisão da Justiça para só então deliberar as próximas ações, caso os depósitos não sejam feitos. O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), informou ainda não ter sido notificado e afirmou que as empresas estão fazendo todos os esforços para quitar o débito com os trabalhadores - mas ainda não há previsão de quando o vale será, de fato, depositado.
Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, criticou a postura das empresas concessionárias do sistema e afirmou que os trabalhadores não querem ter que recorrer à paralisação sempre que o pagamento atrasar. No final de janeiro, os trabalhadores receberam apenas após greve geral de três dias e determinação da Justiça do Trabalho.
“O direito de greve é um instrumento que deve ser usado com responsabilidade, para ampliar os direitos trabalhistas e não para cobrar a conta de cada mês. O que as empresas estão fazendo é uma irresponsabilidade”, disse.
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