| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/

Os ônibus convencionais e os biarticulados que passam pela Praça Rui Barbosa, no Centro de Curitiba, tiveram sua circulação interrompida por uma hora, na tarde desta terça-feira (17). Motoristas e cobradores cruzaram os braços em protesto contra a onda de assaltos da qual o sistema de transporte coletivo tem sido vítima. Segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus (Setransp), até o fim de outubro as linhas de Curitiba e Região Metropolitana foram alvo 2.463 assaltos: média de quase oito casos por dia.

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A manifestação começou às 15 horas desta terça-feira, depois que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) convidou a categoria a aderir à paralisação temporária. Alguns ônibus foram estacionados de forma a bloquear as ruas de acesso à Praça Rui Barbosa, impedindo que outros veículos chegassem aos pontos.

“O que estamos vivendo é terrorismo. Não tem outro nome. Antes a violência ficava restrita aos motoristas e cobradores. Agora, os bandidos estão humilhando e agredindo os passageiros, os trabalhadores que dependem do transporte”, disse o vereador Rogério Campos (PSC), que também é diretor do sindicato.

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Inicialmente previsto para durar apenas 15 minutos, o ato se estendeu por uma hora. Neste período, se formaram filas em todos os pontos, principalmente nas estações-tubo, de onde partem os biarticulados. O movimento só foi retomado após as 16 horas, com o fim do ato.

Segundo o Sindimoc, os roubos ocorrem em todas as áreas de Curitiba, mas se concentram em bairros da região Sul. As estações-tubo Coronel Luiz José dos Santos (em ambos os sentidos) são as maiores vítimas, com 256 assaltos no total. A linha que mais sofreu nas mãos dos ladrões é o Interbairros IV. Mesmo quem trabalha nas linhas que não são tão visadas já sofreu com a violência. “Eu já fui assaltado dentro de biarticulado, com faca e tudo”, conta o motorista Élcio Cândido, que atua na linha Santa Cândida/Capão Raso.

Apesar da interrupção na circulação de ônibus, alguns cidadãos manifestaram apoio ao ato. O vendedor Rodrigo Ribas Nadolny, por exemplo, disse que só não foi assaltado porque conseguiu descer do ônibus instantes depois de suspeitos terem anunciado um arrastão. “O motorista tinha aberto as portas e eu e outras duas pessoas conseguimos sair correndo. A gente acaba levando só o essencial, com medo dos roubos”, disse

O Setransp disse, em nota, que vê “com bastante preocupação os casos de assaltos e tubos e linhas” e acrescentou que “busca colaborar com os órgãos competentes para diminuir esse tipo de ocorrência, embora este seja um problema de segurança pública”. As empresas destacam ainda que 60% das passagens são pagas com o cartão-transporte. “O incentivo ao uso do cartão é um grande aliado na luta contra os assaltos em tubos e linhas. Quanto menos dinheiro circulando, menor é a atratividade para roubos”, consta da nota.

Notificação

A Urbanização Curitiba S/A (Urbs), empresa de economia mista que administra o sistema de transporte coletivo, informou que vai notificar as empresas por causa dos ônibus que ficaram parados. O Setransp já adiantou que vai recorrer de toda e qualquer multa aplicada em função da paralisação.

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PM afirma que faz “trabalho diário” contra roubos

Depois de recentemente afirmar, em entrevista coletiva, que não considera os arrastões nos ônibus de Curitiba como um problema de segurança, a Polícia Militar do Paraná (PM-PR) divulgou nota à imprensa afirmando que policiais “realizam um trabalho diário junto às estações-tubos e linhas de ônibus em toda Curitiba para coibir furtos e roubos e crimes contra o patrimônio”.

No texto, a corporação informa ainda que faz o trabalho principalmente na região central da capital, “onde a incidência de crimes tem sido maior, mas com extensão aos bairros também”.

Em relação ao protesto de motoristas e cobradores, a PM informou que atuaria “com o Serviço Reservado e policiamento fardado a distância para garantir que pessoas mal intencionadas não tomem o movimento para benefício próprio e também para que ele seja pacífico”.