Reconhecimento
A polícia divulgou na quinta-feira (26) um vídeo do momento em que a estudante reconheceu o principal suspeito. Ela disse ter certeza que Juarez Ferreira Pinto é o autor do crime.
Na noite do dia 19 de fevereiro, Juarez foi levado até o hospital onde a jovem estava internada. O reconhecimento foi feito em três etapas. A estudante estava em uma maca e, através de um vidro, viu cinco pessoas. Na primeira vez, o suspeito não foi colocado no grupo e Monik não reconheceu nenhum dos homens. Juarez, então, colocado entre o grupo, é reconhecido pela estudante.
O procedimento foi repetido pela terceira vez, mas agora com o suspeito em outra posição. O delegado que comanda a investigação, Luiz Alberto Cartaxo Moura, perguntou se ela reconhecia alguém. A estudante apontou o homem que segurava a placa com número dois. "É ele, pelo amor de Deus", afirmou a estudante.
Preservar inocentes
A Gazeta do Povo adota como princípio editorial não revelar o nome de suspeitos de crimes enquanto não houver condenação judicial ou, no mínimo, indiciamento em inquérito policial concluído. A decisão, que pode ter exceções em casos de flagrante ou quando houver provas fortíssimas de culpa, visa a preservar inocentes que possam ser falsamente acusadas de atitudes criminosas. Isso porque um dos princípios básicos do bom jornalismo é a presunção da inocência.
Por isso a Gazeta não havia divulgado até quinta-feira (26) o nome do homem considerado pela polícia como o principal suspeito do crime do Morro do Boi. O jornal também não havia publicado o nome de Monik Lima nem sua imagem, por acreditar que a exposição de uma vítima de crime hediondo não é necessária. No entanto, a própria vítima e a família decidiram por sua exposição pública, o que tornou a decisão sem efeito.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) protocolou, nesta segunda-feira (2), denúncia contra o auxiliar de serviços gerais Juarez Ferreira Pinto, de 42 anos, apontado pela polícia como autor do crime no Morro do Boi. Ele é acusado de ter matado o estudante Osíris Del Corso, 22 anos, e baleado e molestado a namorada dele, Monik Pergorari de Lima, no dia 31 de janeiro, em Caiobá, no Litoral do estado.
A Promotoria de Justiça de Matinhos denunciou Juarez por latrocínio (roubo seguido de morte), roubo seguido de lesão corporal grave, atentado violento ao pudor e por perigo de contágio de moléstia grave. A promotora de Justiça Carolina Dias Aidar de Oliveira concordou com o requerimento do delegado Luiz Alberto Cartaxo Moura que presidiu o inquérito e pediu que a prisão temporária do acusado seja convertida em preventiva.
O suspeito está atualmente detido no Complexo Médico Penal, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. O juiz criminal de Matinhos deverá agora analisar a denúncia e notificar o denunciado para que apresente sua defesa. Com o documento, o juiz decide se rejeita a denúncia ou se instaura a ação penal.
Os crimes
A denúncia relata que o suspeito teria abordado Osíris e Monik, quando o casal percorria uma trilha na região. Ele teria ameaçado os dois, mostrando uma arma de fogo, e levado o casal até uma gruta, onde teria dado voz de assalto, exigindo dinheiro. Ante a negativa das vítimas, o denunciado teria exigido que eles tirassem os shorts que vestiam e lhe entregassem.
No bolso do calção de Monik havia cerca de R$ 90 que teriam sido subtraídos pelo acusado. Ainda sob a mira da arma, o denunciado teria ordenado que as vítimas entregassem o restante das vestimentas, momento em Osíris teria esboçado reação, que teria motivado vários disparos por parte do acusado. O estudante foi baleado no peito e a jovem nas costas.
Esses fatos teriam ocorrido no fim da tarde. À noite, o denunciado teria voltado ao local do crime e molestado Monik, passando a mão em sua região genital. O ato, segundo a denúncia, poderia ter resultado na transmissão à vítima do vírus da hepatite C, moléstia grave da qual sofre o denunciado.
Segundo a promotora de Justiça, os indícios existentes já são suficientes para embasar o início de uma ação penal. "A prova testemunhal de Monik não pode ser ignorada, uma vez que a vítima não teria nenhum motivo para fazer um falso reconhecimento do acusado. Além disso, nenhuma informação trazida no inquérito nos convenceu de que o denunciado possa ser inocente. Todos os detalhes do crime, no entanto, deverão ser discutidos ao longo do processo, no qual o acusado terá todas as ferramentas legais para se defender", afirma Carolina, segundo o MP.
Prisão
Juarez foi preso no dia 17 de fevereiro, em um sobrado, no balneário Santa Terezinha, em Pontal do Paraná. Na semana anterior à prisão, a polícia chegou a ouvi-lo na delegacia de Matinhos. Nessa ocasião, Juarez ainda foi fotografado e filmado para ser mostrado à vítima. "Ele negou qualquer participação e disse que sequer conhecia o local em que o crime foi cometido", disse Cartaxo. As imagens realizadas foram mostradas para a vítima, que o reconheceu sem sombra de dúvidas.
DNAO resultado do exame de DNA feito pelo Instituto de Criminalística comparando o sangue do preso com as manchas encontradas em uma camiseta deu negativo. O delegado disse que o resultado já era esperado. "Num primeiro momento, a jovem ainda muito abalada achou que pudesse ser a camiseta, mas depois, mais calma e recuperada parcialmente do choque, a vítima não reconheceu a camiseta", contou à Sesp.
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